A abertura do seminário “Ameaças à Democracia e a Ordem Multipolar”, realizado hoje (14/09), pela Fundação Perseu Abramo, em São Paulo, teve a presença da presidenta do PT, senadora Gleisi Hoffmann, do presidente licenciado da Fundação Perseu Abramo, Marcio Pochmann e do presidente do Comitê de Solidariedade Internacional em Defesa de Lula e da Democracia no Brasil e ex-ministro das Relações Exteriores e da Defesa Celso Amorim.

Os participantes destacaram a importância do debate internacional no atual momento vivido pelo Brasil. Amorim afirmou que o que acontece aqui tem forte repercussão em países em desenvolvimento e na América Latina em particular. Ele abriu o evento lendo cartas de dois ex-presidentes africanos sobre o caso do ex-presidente Lula, John Kufuor, ex-presidente de Gana de 2001 a 2009, e Olusegun Obasanjo, da Nigéria, de 1976 a 1979 e de 1999 a 2007. “É chocante ver alguém que fez tanto pelo seu povo e pela cooperação entre países e continentes, privado de sua liberdade. Em 2013, acompanhei sua visita a África e pude perceber que sua eleição representava o renascimento de uma cooperação entre o Brasil e o povo africano”, escreveu Kufuor.

A senadora Gleisi Hoffmann afirmou que a democracia influi nos direitos básicos de um povo e que o país hoje não vive uma normalidade democrática, por isso passa a ter fome novamente, elevados níveis de desemprego e uma população que vive imensas dificuldades. “Temos um presidente imposto, que, portanto, não tem legitimidade, e vimos aprovadas reformas que não passaram pelo aval popular. Assistimos a vários ataques ao patrimônio público e temos um Judiciário que toma partido, além de um comandante do Exército que dá declarações sobre o processo eleitoral”, destacou.

Para ela, a recente ruptura com o pacto constitucional de 1988 e a retirada do maior líder político da história do Brasil do processo eleitoral, que estava disparado em primeiro lugar nas intenções de voto, impede que grande parcela da população possa expressar-se e cria um receio do que possa acontecer com a frágil democracia brasileira.

Segundo Pochmann, vivemos há dez anos numa crise global que tornou o sistema financeiro mais forte. Assistimos à evolução da degradação dos Estado Unidos como potência, ao mesmo tempo em que ocorre a ascensão da China. “O Brasil ousou construir uma alternativa com os países emergentes que ofertava uma outra possibilidade de paz, integração e cooperação para o mundo, mas há dois anos esse projeto vem sendo derrotado por um golpe. Hoje essa circunstância pode ser superada, há uma possibilidade de resgatar a independência e a soberania nacional. Por isso esta reflexão é fundamental para as decisões do país neste momento ”, disse.

Confira a abertura no canal da Fundação Perseu Abramo no Youtube: https://youtu.be/QDDVZsU2AvU

 

 

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