É comum encontrarmos na grande mídia a ideia de que o Estado brasileiro gasta demais, é perdulário e que esse gasto em excesso é fonte de corrupção. Embora haja espaço para a melhoria da eficiência do gasto público, em artigo para o Brasil Debate, Emilio Chernavsky discute o mito da gastança do Estado brasileiro. Em especial, discute que o simples apontamento de que o gasto total do governo brasileiro seria alto demais em porcentagem do PIB, em níveis semelhantes aos gastos das economias avançadas, mas sem a mesma qualidade dos serviços públicos.

Essa comparação, segundo o autor, é descabida, “uma vez que o que determina a qualidade dos serviços é o valor real do gasto per capita, ajustado pelas diferenças no poder de compra entre os países, e nunca o valor relativo”. Segundo cálculos do autor, o Estado brasileiro tem gasto per capita três vezes menor do que as economias avançadas (em dólares ajustados por poder de paridade de compra), já que o PIB per capita brasileiro também é menor que nas economias avançadas, dado que não é levado em consideração, em geral, na discussão pública.

Além disso, aponta o autor que o Estado brasileiro gasta pouco para um país que escolheu reduzir as desigualdades. “Certamente, a atual estrutura de gastos públicos no país possui distorções relevantes – certos gastos deveriam cair e muitos outros aumentar –, e sua execução possui ineficiências que devem ser decididamente combatidas. Além disso, a estrutura tributária com a qual os recursos necessários para custear esses gastos são arrecadados é extremamente complexa e regressiva, tornando urgente sua profunda reformulação”.

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