No ano de 2017, 464 mil negros avançaram para as classes A e B, ao mesmo tempo em que houve uma retração de 800 mil pessoas no total que compõe estas duas classes. Os números surpreendentes foram revelados por uma estudo da LCA Consultores e obrigaram o oligopólio da grande mídia a dar nó em pingo d’água para escapar do óbvio: a mobilidade de negros e pardos rumo ao topo da pirâmide social – mesmo em um quadro de grave crise econômica! – decorre em larga medida das políticas inclusivas praticadas pelos governos de Lula e Dilma durante treze anos consecutivos.

Em primeiro lugar, a implantação do sistema de cotas raciais e sociais constituiu um importante instrumento para romper com os monopólios sociais que historicamente garantiam condições privilegiadas para os filhos dos ricos e brancos.

Em segundo lugar, a ousada política educacional iniciada por Lula desde o seu primeiro mandato e comandada pelo então ministro da Educação, Fernando Haddad, promoveu uma revolução surda em nossa sociedade que agora começa a mostrar seus melhores resultados. Entre 2003 e 2014 o gasto público em educação saltou de 4,2% do PIB para 6,2% e o investimento por aluno saiu de um patamar de R$ 2.213, em 2003 para R$ 6.203, em 2014.

No ensino superior, houve uma inédita expansão do número de universidades (vinte foram criadas), além da implantação de novos campis em regiões remotas do interior do país, ampliando o quadro de docentes doutores nas universidades federais de 20,7 mil em 2003 para 57 mil em 2014 (alta de 190%). Além disso, com a criação do Prouni, concedendo bolsas de estudo para a população de menor renda (e majoritariamente negra) -, e a expansão do Fies (financiamento estudantil) um outro enorme contingente de estudantes universitários das classes baixas puderam cursar faculdades privadas. No conjunto, o número total de matrículas no ensino superior saltou de cerca de 3,5 em 2003 para de oito milhões em 2014 – um quarto das quais em universidades públicas.

Por último, no ensino técnico e profissional, uma outra enorme frente de expansão do ensino público abriu oportunidades para os jovens de menor renda. Foram criadas mais de quatorcentas novas unidades dos Institutos Federais de Ensino Técnico que, somados aos 140 que já existiam e à parceria o “Sistema S”, alcançaram um total de oito milhões de matrículas.

Contudo, ao menos aos olhos dos comentaristas da mídia golpista, esses seriam todos fatores secundários. A fim de contornarem os evidentes avanços alcançados pelos governos do PT, gastaram tinta e saliva para dizer que a mudança na cultura das grandes empresas estaria por trás daquele surpreendente avanço dos negros nas classes altas.

São mesmo patéticos esses comentaristas. Justo agora que poderiam falar de ‘capital humano” e meritocracia, dizendo que finalmente negros e pardos estão mais qualificados para ascender socialmente, preferem convenientemente inverter o raciocínio e concluir que a mudança fundamental se deu no comportamento da elite branca, no RH das grandes empresas, supostamente mais tolerante e aberta nos dias de hoje. Ara Sô!

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