Abstenção e votos brancos e nulos podem surpreender em 2018
Um dos dados pouco divulgados e que passou quase despercebido na última pesquisa Ibope/CNI, realizada entre 21 e 24 de junho de 2018, é o desinteresse geral da população pelas eleições presidenciais desse ano. Há cerca de cem dias do primeiro turno da votação, mais da metade da população não está interessada no pleito, 38% afirmam que não têm nenhum interesse e 23% têm pouco interesse nas eleições de outubro.
A maior parte da população, 68% dos entrevistados, “se pudesse, não iria votar esse ano” (56% concordam totalmente com essa afirmação e 12% em parte), muito embora sete em cada dez eleitores acredite que, de modo geral, “a eleição tem o potencial de mudar o país para melhor” (46% concordam totalmente com a afirmação e 24% concordam parcialmente) e que o voto de cada cidadão importa (85%, 69% concordam totalmente com essa afirmação e 16% concordam parcialmente).
Chama atenção o alto índice (33%) de intenção de voto em branco ou nulo. O percentual é mais do que três vezes maior que o apurado no mês de junho das eleições de 2002 a 2014.
O principal motivo apontado entre aqueles que pretendem anular o voto é que todos os candidatos são corruptos, com 29% de citações. Em seguida, um leque de cinco motivos são apresentados como explicação: não tem um candidato em quem confie (11%); não acredita em políticos/nos candidatos (11%); nenhum dos candidatos parece que resolverá os problemas do país (11%); nenhum candidato me representa (10%) e não simpatiza com nenhum dos candidatos (9%).
É alto o pessimismo dos brasileiros com essas eleições: 45% se dizem pessimistas ou muito pessimistas, o que pode levar muitos eleitores a confirmarem sua intenção atual de abstenção ou anular o voto. Também é elevado o pessimismo com relação à economia. A maioria da população brasileira não percebe melhora na crise econômica e 72% acreditam que a inflação vai aumentar, além de 64% que contam com o aumento do desemprego nos próximos seis meses. A situação atual da economia é uma das piores já enfrentadas pelo país, levando à maior taxa de medo do desemprego (68%) e menor índice de satisfação com a vida (65%). Os indicadores de opinião pública medidos pelo Ibope/CNI de junho desse ano são os piores comparados ao mesmo mês de anos de eleições anteriores.