A semana começou conturbada no governo britânico depois que o ministro das Relações Exteriores, Boris Johnson, o secretário para o Brexit, David Davis, e o ministro júnior para o Brexit, Steve Baker, renunciaram. As renúncias ocorreram após a primeira-ministra, Theresa May, anunciar um acordo para formalizar o Brexit, nove meses antes do prazo final para a saída do Reino Unido da União Europeia. Segundo a ala eurocética do governo conservador de May, tal acordo não é satisfatório e representaria “colonização” do Reino Unido pelo bloco europeu.

O referendo que aprovou o Brexit ocorreu há mais de dois anos e desde então houve alguns reveses no governo britânico. A começar pela renúncia de David Cameron, o primeiro-ministro que convocou o referendo, mas que apoiava a permanência na União Europeia. Depois, já com Theresa May no comando e vindo de uma onda positiva de apoio da população, o Partido Conservador resolveu antecipar as eleições gerais que aconteceriam em 2020 para meados de 2017. O resultado foi desastroso para o governo, os conservadores perderam sua maioria do Parlamento e os mais de 20% de votos que tinham de vantagem sobre a oposição caíram para 2,5%. O mesmo aconteceu nas eleições locais deste ano nas quais o Partido Trabalhista saiu como vencedor e o Partido da Independência (UKIP), o mais ferrenho apoiador do Brexit, amargou uma grande derrota.

Com esses fatos está claro que um acordo de Brexit mais duro e radical não seria a melhor solução pois, ao que tudo indica, a população não está mais comprando os ideais conservadores. Frente a isso, o acordo anunciado por May na sexta-feira passada, 06 de julho, prevê uma saída mais suave do bloco europeu, com uma área de livre-comércio entre as partes e fala-se, até mesmo, em uma espécie de área de livre-circulação de pessoas. No entanto, um dos discursos centrais que deram alento ao Brexit no plebiscito foi o de anti-imigração, o que pode se chocar com o último ponto citado.

Os ministros e o secretário que renunciaram o fizeram por não aceitar essa suavização dos termos propostos, porém, no Reino Unido atual, a posição deles não parece ser a mais cotada, embora sua iniciativa possa estar mais relacionada às disputas internas dos “Tories” pelo controle do Partido.  May, até o momento, parece conseguir contornar essa crise e já anunciou novos nomes para os cargos que ficaram vagos. O atual ministro da Saúde, Jeremy Hunt, ficará na pasta de Relações Exteriores e o então secretário de Estado da Habitação, Dominic Raab, tomará posse como novo secretário para o Brexit.

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