Economistas de todo o mundo reuniram-se para discutir temáticas relacionadas a economia feminista, de 19 a 21 de Junho de 2018, se reuniram em New Paltz (Estados Unidos). Temas especiais da conferência foram migração, desigualdade e resistência.

Já na pré-conferência, em mesa de jovens pesquisadoras organizada por Erica Aloe e Giulia Zacchia, Magali Alloatti discutiu o empoderamento de brasileiras migrantes nos EUA que trabalham no setor de entretenimento na Califórnia. Na mesma sessão, Magali Brosio discutiu os impactos das cadeias globais de valor na violência sofrida por mulheres do Sri Lanka, e Izaskun Zuazu discutiu as tendências e causas da segregação de gênero no acesso à educação superior em países da Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE).

Ainda na mesma sessão, Lygia Sabbag Fares Gibb e Ana Luíza Matos de Oliveira discutiram as tendências à ampliação da desigualdade da jornada de trabalho nos últimos trinta anos no Brasil, Reino Unido, Canadá, nos Estados Unidos, na França e Alemanha, que tendem a sobrecarregar ainda mais as mulheres pelo peso do trabalho não remunerado.

Durante a conferência, duas mesas chamaram a atenção. Uma delas, intitulada “Corpos e mercados: argumentos éticos e escolhas” e coordenada por Marcella Corsi (Universidade de Roma Sapienza), discutiu temas ligados à comodificação do corpo, ou seja, a transformação do corpo em mercadoria, abordando assuntos como a prostituição e o que chamamos de “barriga de aluguel” no Brasil (mas cujo nome correto é gestação de substituição).

Outra interessante mesa, que uniu a discussão da macroeconomia com a questão de gênero, foi coordenada por Emma Burgisser (Bretton Woods Project), intitulada “Ampliando uma agenda macroeconômica feminista: estratégias para a mudança”, trouxe uma crítica à visão de gênero propagada pelo Fundo Monetário Internacional, em apresentação da própria coordenadora da mesa.

Diane Elson discutiu quais são os obstáculos e oportunidades para que mulheres possam influenciar políticas macroeconômicas. Radhika Balakrishnan apresentou formas de ação para o treinamento de ativistas em economia feminista e Roosje Saalbrink discutiu formas de traduzir pesquisas acadêmicas em ativismo político.

A mesa foi um convite à ação, a se pensar os impactos diversos em termos de gênero das políticas macroeconômicas e a atuação de instituições como o FMI ou o Banco Mundial, que têm tentado apropriar-se dos debates sobre a questão de gênero, retirando deste arcabouço sua perspectiva crítica.

O encontro finalizou com uma crítica à política migratória de Trump, que significa a completa oposição à perspectiva em que foram tratados os temas centrais da conferência durante três dias, quais sejam, a economia feminista, a migração, a desigualdade e a resistência.

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