O cônsul geral adjunto da China em São Paulo, Shi Leike, afirmou nesta sexta-feira, 29 de junho, que seu país mantém a disposição de investir no Brasil, para o qual diz existir um fundo de 20 bilhões de reais. “Nós não vamos determinar qual o modelo dos projetos. Cada país é um. Nossa iniciativa é dizer aos países: quais projetos vocês precisam?”, disse.

Leike participou de encontro do Grupo de Acompanhamento e Estudos da Nova Rota da Seda, realizado na Fundação Perseu Abramo (FPA). Este grupo é uma parceria da FPA e da Fundação Maurício Grabois, ligada ao PCdoB. Participaram dirigentes das duas entidades e dos partidos que representam.

O grupo, com a assessoria de pesquisadores acadêmicos, pretende fazer um diagnóstico aprofundado do projeto chinês, intitulado pelo governo daquele país como One Road One Belt e internacionalmente conhecido por Nova Rota da Seda – referência a projeto de investimentos levado a cabo pelo império chinês no século 2 e que deu origem ao famoso corredor de comércio continental.

O plano chinês prevê trilhões de dólares em projetos de infraestrutura em diferentes países, incluindo sul-americanos. O grupo de trabalho criado pelas fundações quer identificar oportunidades de aprendizado e cooperação.

“Em um mundo marcado pela ideia de austeridade e de predominância do capital privado, a China parte em outra direção, oferecendo ao mundo um leque de opções de investimentos em infraestrutura”, comentou o professor Claudio Puty, da Universidade Federal do Pará. Numa linha complementar, Adalberto Monteiro, da Fundação Maurício Grabois, destacou que o projeto chinês foge à regra da circulação de capitais especulativos para investir no mundo real. Sérgio Barroso, também da Grabois, lembrou que a investida chinesa ocorre num momento em que a hegemonia estadunidense está em crise, o que pode representar mudanças geopolíticas significativas.

O cônsul geral adjunto, ao falar do Brasil, recordou que visitou o país pela primeira vez para acompanhar a primeira posse de Lula como presidente da República. “Pude ver a energia, a capacidade de o Brasil construir um grande futuro”. Leike afirmou que durante os governos Lula e Dilma houve forte aprofundamento das relações entre os dois países.

Presenteado por Artur Henrique, dirigente da Perseu, com um exemplar do livro “A Opção Sul-Americana” – coletânea de artigos e ensaios de Marco Aurélio Garcia, ex-assessor para assuntos internacionais de Lula e Dilma, editado pela Fundação e pelo Instituto MAG, o cônsul chinês elogiou: “Conheci o Marco Aurélio. Foi uma grande figura. Ele sempre defendeu os interesses dos povos, não de um único bloco”.

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