Tacla Duran denuncia adulteração de provas para a Lava Jato
A convite do deputado federal Wadih Damous (PT-RJ), o ex-advogado da Odebrecht, Rodrigo Tacla Duran, foi ouvido nesta terça-feira (5), na Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara dos Deputados, por meio de videoconferência. Duran acusa a Opração Lava Jato de cerceamento do direito de defesa e questiona as informações prestadas pela empreiteira em seu acordo de colaboração com a Justiça.
Atualmente, Duran vive na Espanha e é considerado foragido pelo juiz federal Sérgio Moro, acusado de fazer parte do fluxograma de propinas para integrantes do PMDB em troca de um contrato milionário na Diretoria de Internacional da Petrobras, além de contratos de pedágios no Paraná, segundo a delação do ex-presidente da Odebrecht Engenharia Industrial Márcio Faria da Silva.
Em seu depoimento, Tacla Duran esclarece sobre diversos cerceamentos de defesa que vem sofrendo e afirmou que a construtora adulterou os sistemas eletrônicos para gerenciar o pagamento de propinas e produzir provas para incriminar pessoas-alvos da operação Lava Jato, além de sumir com documentos do sistema de Justiça, depois do seu depoimento na CPI da JBS.
Duran tinha acesso ao sistema de dados de comunicação interna entre os envolvidos nos esquemas da Odebrecht e foi orientado pela direção da construtora para que as informações necessárias fossem copiadas e depois destruídas, pois os sistemas poderiam ser apreendidos pela Justiça. “O sistema foi adulterado diversas vezes, foi montado para caso viesse a ser apreendido.”, disse.
Segundo ele, antes de servirem como provas, as planilhas da Odebrecht deveriam ter sido periciadas pela Justiça, o que poderia comprovar as alterações. No depoimento, Duran afirma: “Zucolotto (ex-sócio da esposa de Sérgio Moro) me propôs que lhe desse cinco milhões de dólares em troca de proteção na Lava Jato”, o que considerou como “extorsão” e, segundo ele, desde que recusou essa oferta, passou a ser perseguido por Moro e os procuradores de Curitiba. “Desde 2016, quando decidi procurar espontaneamente a Lava Jato, sou tratado como criminoso, alvo de ofensas. Mas em momento algum apresentaram qualquer prova contra mim”, afirma.
Tacla Duran foi arrolado como testemunha de defesa do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, mas o juiz Sérgio Moro se recusou cinco vezes a ouvir seu depoimento sobre esses indícios de fraude na produção de provas, porque, segundo ele, não aceitou assinar o acordo de delação premiada com a Lava Jato. “Hoje quem questiona o modus operandi da República de Curitiba é considerado inimigo da Lava Jato. Será que teremos que ser coniventes com o atropelo das leis?”
Os procuradores da Lava Jato não estiveram presentes em audiência marcada em colaboração com a Justiça espanhola. Fora do Brasil, Tacla já foi testemunha em nove rogatórias internacionais e suas declarações foram extremamente eficazes, resultando em diversas prisões e esclarecimentos.
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