Apesar de um veto do atual presidente Sergio Mattarella no começo da semana, dia 27 de maio, e de prognósticos que indicavam que os italianos iriam para a urna novamente, a Itália finalmente anunciou um novo governo formado pelos dois partidos vencedores da última eleição, o Movimento 5 Estrelas (M5S) e o Liga Norte, que são conhecidos por serem céticos em relação à União Europeia (UE) e contra a imigração.

O controverso plano de governo proposto pelos dois partidos mescla medidas progressistas e que rechaçam a austeridade defendida pela UE, sobretudo na área econômica, ao mesmo tempo que possuí contornos conservadores. Assim, ao mesmo tempo que propõe questões como uma renda universal básica de quase 800 euros por mês e redução da idade para a aposentadoria, fala, também, em bloquear o acesso de imigrantes ao país e em repatriamento.

Em um primeiro momento, pode-se pensar que o motivo do veto de Mattarella tenha sido em defesa dos imigrantes e para garantir os direitos humanos desses face a escalada xenófoba que a Europa tem experimentado nos últimos anos. Entretanto, não foi isso que aconteceu. O que pareceu inaceitável para o presidente italiano foi a nomeação de Paolo Savona, que possuí posição anti-euro, para a pasta da Economia. A explicação dada por Mattarella foi que, se aceitasse a nomeação, o mercado iria ficar instável pela incerteza gerada por uma possível saída da Itália da Zona do Euro.

Posteriormente ao veto, foi proposto um governo de transição liderado por Carlo Cottarelli que já trabalhou no Fundo Monetário Internacional (FMI) e, por causa disso, poderia acalmar a “fera” mercado. Porém, após dias intensos de negociações, o M5S e o Liga chegaram a uma solução que Mattarella aceitou. Giuseppe Conte, um jurista com nome pouco conhecido indicado pelos dois partidos anteriormente, voltará para o cargo de primeiro-ministro. Savona irá para a pasta de Assuntos Europeus e, em seu lugar na Economia, ficará Giovanni Tria que não é anti-euro

Percebemos como a democracia vale até o ponto em que os interesses do mercado não sejam tocados já que, de todos os ministérios do novo governo, apenas a parte econômica não poderia ser liderada por alguém eurocético. Vale lembrar que os

italianos sofreram muito com a crise que assolou os membros da UE no começo da década, por isso terem escolhido na eleição partidos que são contra o que o bloco europeu impõe é emblemático e explicita o quanto o povo não está contente com as políticas de austeridade.

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