De acordo com os dados da PNADC de 2017, a dimensão de gênero tem ampla influência sobre a alocação do tempo das brasileiras e brasileiros, em especial quando se considera a realização do trabalho não remunerado no domicílio: em 2017, as mulheres dedicavam aos afazeres domésticos quase o dobro do tempo dos homens, com uma média de 20,9 horas semanais, enquanto para os homens a média ficou em 10,8. A média para ambos os sexos foi de 16,5 horas.

Esses dados complementam o fato de que as mulheres têm jornadas de trabalho remunerado mais curtas do que os homens, mas, somadas às horas gastas em trabalho não remunerado em casa, a jornada de trabalho feminina total em geral é maior no Brasil. Esse é um fator que contribui para os menores salários femininos, pois uma parcela maior do seu trabalho não é remunerado.

Dados mais recentes do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística mostram que essa dimensão continua importante entre os jovens, ou seja, a reprodução dessa dinâmica de que as mulheres se ocupam mais do trabalho não remunerado que os homens está se reproduzindo com as novas gerações.

Em 2017, das 48,5 milhões de pessoas com 15 a 29 anos de idade, 25,2 milhões não havia concluído o ensino superior nem frequentava o ensino médio ou outra instituição regular de ensino. Também, 11,2 milhões não trabalhavam nem estudavam ou se qualificavam. Entre as jovens mulheres, 24,2% das que não frequentavam a escola, curso ou universidade afirmaram não realizar tal atividade por cuidar dos afazeres domésticos ou de criança, adolescente, idoso ou deficiente. Entre os jovens homens, esse percentual foi de 0,7%.

Apesar dos avanços na discussão sobre gênero no Brasil, percebe-se que para a geração atual de jovens no Brasil o gênero ainda tem muito peso nas trajetórias de vida e marca as possibilidades da juventude brasileira.

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