A primeira pesquisa Datafolha feita após a prisão do ex-presidente Lula mostra que a despeito do intenso massacre feito pela mídia tradicional, Lula continua um forte candidato e permanece na liderança, com cerca de um terço das intenções de voto (31%), o dobro do segundo colocado Jair Bolsonaro (PSL), com 15%, que aparece seguido por Marina Silva (Rede), com 10%, e Joaquim Barbosa (PSB), com 8%.

Há uma profunda insatisfação com o sistema político vigente e seus atuais representantes, evidenciado pelo número de votos em branco e nulos. Em cenário do Datafolha em que Lula não é incluído na disputa, seus votos convergem para branco e nulos, que com o presidente Lula na disputa atingem 15% ou 16% e sobem para 26% a 27%, sem ele.

A transferência de votos do partido somente se efetivará se Lula não puder ser o candidato do PT e indicar outra candidatura. Mas como pela legislação eleitoral brasileira não há nenhum impedimento para que o PT registre a candidatura de Lula junto à Justiça Eleitoral até o dia 15 de agosto, Lula deve disputar a próxima eleição.

Sem Lula no páreo, qualquer candidato apoiado por ele tem chances de ir para o segundo turno. Sua transferência de voto é de 46% entre seus eleitores, mas essa transferência de votos não se dá espontaneamente para outros candidatos do PT testados. Haddad e Jaques Wagner não ultrapassam 2%, assim como Guilherme Boulos (Psol) que não ultrapassa 1% e Manuela D´Ávila (PCdoB) com 3%, ambos presentes e muito próximos a Lula no ato em São Bernardo.

A insatisfação atual com o sistema político também se expressa na escolha por candidatos aparentemente fora da política ou do governo, como revela o desempenho de Jair Bolsonaro, Marina Silva e Joaquim Barbosa. Ao que tudo indica, Lula deve levar as eleições para segundo turno contra um deles.

Segundo o Datafolha, Marina Silva, é quem mais ganha votos se Lula estiver fora da disputa. Em cenários com Lula aparece com 10% e sobe para até 16% quando o candidato petista é retirado da disputa. Mas, como já acompanhamos na eleição de 2014, a falta de posicionamento claro de Marina, que oscila entre direita e esquerda, pode fazer com que não consiga manter suas intenções de voto durante os embates da campanha eleitoral.

As intenções de voto em Bolsonaro pouco se alteram com Lula fora da disputa, que cresce de 15% para 17% e Ciro Gomes (PDT) cresce de 4% ou 5%, para 9%.

O campo da direita se divide. Para irem ao segundo turno, os partidos ligados ao governo e à política tradicional terão que contar com Lula fora do páreo e derrotar o candidato apoiado por ele.

Alckmin encontra dificuldades para crescer e viabilizar sua candidatura, com intenções de voto entre 6% e 8% perde para candidatos sem tradição como Bolsonaro, Marina e Joaquim Barbosa. Henrique Meirelles (MDB) e Rodrigo Maia (DEM) não ultrapassam 1%. Mesmo unidos em torno de uma única candidatura, a possibilidade de candidatos ligados ao governo Temer disputarem o segundo turno parece pouco provável até o momento, tamanha insatisfação com o governo atual: a avaliação positiva do governo Temer permanece em apenas 6%, enquanto a negativa está em 70%.

Ao que parece a polarização nas eleições desse ano, mais do que entre esquerda e direita, se dará entre a antipolítica e a política tradicional. Se as eleições forem livres e democráticas e Lula puder disputá-las, há possibilidades de que vença em primeiro turno. Impossibilitado, deve levar o candidato a quem transferir seu apoio a segundo turno.

A resistência de Lula ao massacre judiciário-midiático sinaliza para o renascimento das forças de esquerda. Seu discurso em São Bernardo, antes da prisão, está vivo e ecoa: “Se eles não me deixarem falar, falarei pela boca de vocês. Andarei com as pernas de vocês. Se meu coração parar de bater, baterá pelo coração de vocês. Porque agora eu não sou mais um ser humano, agora eu sou uma ideia” e são as ideias que fazem de Lula o melhor candidato à presidência da República.

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