Os resultados dos julgamentos e decisões judiciais nos últimos anos tem deixado explícitos os descaminhos da Justiça brasileira. Se, para um lado, a atuação beira o justiçamento, com assassinato de reputações e detenções sem provas de líderes esquerdistas, para o outro ela tarda e falha, deixando livres políticos e “chegados” da direita, por meio da prescrição de seus crimes ou pela aceitação de argumentos jurídicos que são negados à esquerda.

Sobretudo políticos tucanos e emedebistas de primeira grandeza estão entre os que contam com esta sorte. Pelo PSDB, em março último, o senador José Serra teve o inquérito que o investigava pelo recebimento não declarado de R$ 20 milhões na campanha de 2010 arquivado por prescrição pela Ministra Rosa Weber. Dias após, prescreveu a investigação contra o ex-presidente Fernando Henrique sobre a suspeita de evasão de divisas para pagamento de pensão à jornalista Miriam Dutra. FHC também teve outra investigação, sobre o recebimento de vantagens indevidas nas campanhas eleitorais de 1993 e 1997, arquivadas por prescrição em 2017.

Também em 2017, foi prescrito e arquivado um inquérito no qual o senador Aécio Neves era acusado pelo recebimento ilícito de um milhão de reais em 1998 para ajudar no financiamento das eleições da bancada do partido na Câmara e no Senado. No mesmo ano, um inquérito instaurado contra o tucano Geraldo Alckmin já constava com status de ‘atrasado’, e assim permanece até hoje, o que favorece sua candidatura à presidência da República, uma vez que não a inviabiliza. Neste processo, o pré-candidato responde por suspeita de recebimento de dois milhões de reais milhões para sua campanha política a governador em 2010 por meio de seu cunhado.

A “sorte jurídica” também acompanha os outrora aliados do ex-governador de São Paulo. Seu ex-homem forte na Assembleia Legislativa de São Paulo, o deputado Fernando Capez, envolvido no escândalo da máfia das merendas de São Paulo, teve as denúncias contra si rejeitadas pelo Tribunal de Justiça de São Paulo no início deste mês.

Já o ex-governador mineiro Eduardo Azeredo teve sua condenação em segunda instância confirmada pelo Tribunal de Justiça de Minas Gerais em agosto de 2017, por conta do desvio de dinheiro de patrocínios superfaturados à sua campanha política a governador em 1998. No entanto, o mineiro não foi preso, está recorrendo em liberdade e ainda possui grande chance de ver seu processo prescrever em setembro deste ano, tendo sua pena, consequentemente, extinta.

Pelo lado emedebista, o ministro e presidente do MDB Romero Jucá teve, em fevereiro, um processo também prescrito e arquivado sobre desvio de verbas em Roraima. O processo ficou catorze anos no Supremo Tribunal Federal (STF). Alvo de outros dez processos no STF, Jucá teve nova denúncia contra si rejeitada pelo mesmo tribunal há duas semanas, esta por corrupção e lavagem de dinheiro num suposto favorecimento ao Grupo Gerdau em uma medida provisória, em troca de doações eleitorais para suas campanhas eleitorais de 2010 e 2014.

Por outro lado, é de se espantar a agilidade vista no andamento, por exemplo, do processo contra o ex-presidente Lula, numa “aparente” tentativa de tirá-lo das eleições presidenciais deste ano. O período entre a sentença do juiz Sérgio Moro e o início da tramitação do recurso na segunda instância foi de 42 dias, menos da metade da média dos demais julgados pela Lava Jato, que foi de 96 dias.

Não bastasse a falta de provas concretas e a polêmica negação de seu habeas corpus no julgamento de 5/4/2018, a determinação do cumprimento da ordem judicial, em Curitiba, em menos de 24 horas após tal julgamento e sem esgotar a possibilidade de recursos do ex-presidente, deixa escancarada a perseguição jurídica, política e midiática que a esquerda brasileira, cada vez mais, vem sofrendo.

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