A divulgação da ata da reunião do Copom (diretoria do Banco Central) do dia 21 de março trouxe à tona as aflições dos homens de mercado que hoje se ocupam da política monetária brasileira. Acostumados a se escorarem no fantasma da inflação para justificar taxas de juros penduradas no gogó da ema (ainda temos a sexta maior taxa real do planeta!), os membros do Copom e sua sofisticada máquina premonitória têm sido surpreendidos sistematicamente por níveis de inflação bastante baixos.

Com a economia andando de lado e todos os motores da demanda em estado de latência, cresce a possibilidade do IPCA terminar 2018 abaixo do piso da meta (3%), o que significaria que pelo segundo ano seguido o Banco Central brasileiro teria que explicar à nação os motivos (indizíveis) que deram sustentação a uma taxa Selic ainda excessivamente contracionista.

Não custa lembrar que desde meados do ano passado o mercado – e, por conseguinte, a diretoria do BC – vinha apostando que a trajetória de redução da taxa Selic se encerraria quando a mesma rompesse a barreira dos 7,25%, patamar que curiosamente coincidia com o que havia sido alcançado entre 2012 e início de 2013, ainda durante o primeiro governo Dilma.

Mas agora, segundo o que consta na ata, o BC já considera a possibilidade não apenas de reduzir a Selic para 6,25% na reunião de maio, como também voltar a avaliar a situação em junho, caso “um cenário benigno” se consolide –  entenda-se “cenário benigno” uma economia que segue patinando e que por isso os preços não reagem.

Eufemismos à parte, o que fica claro é que o Banco Central sentiu o golpe da fraca trajetória de recuperação da economia, principalmente depois que o IBC-Br (indicador antecedente do BC) registrou contração do PIB de 0,56% em janeiro e que os dados do mercado de trabalho em fevereiro vieram bastante mais baixos do que indicavam os analistas do mercado.
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