Recente artigo de Danilo Jorge Vieira (Desenvolvimento regional, C&T e ensino superior: notas sobre o contexto recente do Brasil e da Bahia) argumenta que a desconcentração espacial do ensino superior no contexto recente pelo crescimento mais acelerado em regiões “periféricas” foi condição promissora para o enfrentamento das desigualdades regionais.

O autor mostra que houve uma desconcentração nas matrículas no ensino superior durante os governos petistas, como mostra a tabela abaixo. O Norte do país passou de 4,27% para 6,88%, o Nordeste de 15,36% para 20,93% e o Centro-Oeste de 8,35% para 9,35%, tendo o Sul e Sudeste reduzido sua participação relativa nas matrículas em cursos de graduação presencial. No entanto, no mesmo período, o número de matrículas cresceu de 2.694.245 para 6.152.405. Já na pós-graduação, a densidade populacional de doutores mais que quadruplicou entre 2000 e 2014 (de 16,15 doutores por 100mil habitantes para 69,18).

Desconcentrar as atividades de ensino e pesquisa, como ocorreu nos governos petistas, tem impacto nos processos de decisão privada locacional de atividades intensas em Ciência e Tecnologia, por exemplo, abrindo perspectivas de desenvolvimento regional importantes e capacidade de gerar processos cumulativos de aglomeração. Mas apesar dos avanços ainda há muita concentração no Sul e Sudeste: o autor mostra que em 2014 57% dos equipamentos relativos à ciência e tecnologia no país estavam concentrados na região Sudeste e 24% no Sul. Essa concentração se reflete também nas publicações e nos pedidos de patente: Sul e Sudeste concentravam em 2010 mais de 72% da produção científica do país, enquanto concentravam também 85,7% dos pedidos de patentes nacionais em 2013.

O autor conclui que a expansão do sistema de ensino superior brasileiro nos anos 2000 ocorreu de forma relativamente menos concentrada em termos territoriais, o que foi um elemento promissor para um ciclo de desenvolvimento regional menos assimétrico.

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