Queda da indústria em janeiro surpreende
Em janeiro a produção industrial brasileira recuou 2,4% ante o mês de dezembro, o pior resultado (no indicador sem influências sazonais) dos últimos 23 meses. Conforme pode-se observar na tabela abaixo, com exceção da produção de bens de consumo semiduráveis e não duráveis, todas as demais categorias econômicas registraram queda, notadamente a de bens duráveis que registrou uma contração de 7,1%.
Segundo os dados da Pesquisa Industrial Mensal (PIM/IBGE), dezenove dos 24 ramos da produção industrial apresentaram evolução negativa na passagem do último mês de 2017 para o primeiro de 2018. Entre eles, as quedas mais expressivas ocorreram nos setores de metalurgia (-4,1%), de borracha e de material plástico (-5,4%), de outros produtos de transporte (-12,1%) e de produtos de metal (-4,9%), de produtos diversos (-11,2%) e de veículos automotores, reboques e carrocerias (-7,1%). No caso específico desse último, embora não tenha registrado a queda mais aguda, é sem dúvida a que produz maiores impactos, visto que o efeito encadeamento da produção da indústria automobilística no Brasil é bastante alto e por isso acaba rebatendo na produção de diversos outros setores da nossa manufatura.
De um modo geral, a queda mensal que alcançou a maior parte dos ramos industriais não deve ser vista como um sinal de reversão da lenta recuperação que se observa na produção industrial brasileira, cujo crescimento acumulado nos últimos doze meses encerrados em janeiro de 2018 foi de 2,8%.
Entretanto, deve-se atentar para o fato de que a economia brasileira ainda segue sem tração para engatar um ciclo de expansão capaz de recolocar a produção nos patamares pré-recessão. Nosso dinamismo ainda parece muito dependente de espasmos circunscritos a determinados setores, o que indica que apesar do cacarejo governista, pelo terceiro ano consecutivo as previsões do ministro Meirelles deverão ser frustradas pela própria inconsistência de sua estratégia econômica.