No dia 20 de janeiro, o governo de Donald Trump celebrou um ano nos Estados Unidos e, como presente, ganhou mais um impasse que está relacionado diretamente ao seu projeto de política externa: o congelamento no orçamento do país. Esta é apenas uma das inúmeras tensões que a política externa de Trump causou em seu primeiro ano.

Desde a época da corrida eleitoral, Trump já dava os contornos do que viria caso ganhasse, defendendo uma visão xenófoba, unilateral e belicista quanto às relações internacionais. Chegou ao ápice de argumentar a favor da construção de um muro na fronteira com o México e dar a conta para os mexicanos pagarem. Este projeto anti – América Latina ainda está em pauta.

Após sua posse, a saída dos Estados Unidos do Acordo de Paris sobre o clima, bem como da Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (Unesco) e do pacto da Nações Unidas sobre migrantes enfraqueceram as organizações e acordos internacionais. Isso sem contar as repetidas críticas de Trump ao multilateralismo, as quais foram um empecilho às negociações na 11ª Reunião Ministerial da Organização Mundial do Comércio (OMC) e que deixaram preocupados os países membros da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) e do G7 em suas respectivas reuniões em junho de 2017.

Além disso, Trump jogou uma pá de cal nas negociações de paz, que já não iam bem, entre Israel e a Autoridade Palestina, ao reconhecer a cidade de Jerusalém como a capital de Israel e para onde pretende mudar a embaixada estadunidense.

No entanto, o ponto alto das tensões foi, sem dúvidas, o conflito verbal com a Coreia do Norte, no qual a conta do Twitter de Trump está servindo, até agora, como sua principal arma. O embate mais recente foi sobre quem tem o maior botão nuclear.    As ameaças frente à Kim Jong-un não são meramente frutos de um presidente impulsivo e megalomaníaco. A corrida armamentista que resulta da possibilidade das ameaças se concretizarem é utilizada como um dos motivos para aumentar os investimentos na indústria bélica e fazer dela a mola propulsora da economia. Estratégia conhecida de outros governos republicanos, como o de Ronald Reagan e seu programa Guerra nas Estrelas.

Tudo isso nos leva ao impasse do orçamento que paralisou o governo no final de semana do aniversário do governo Trump. Os republicanos querem aumentar o gasto militar e recursos para construir um muro na fronteira com o México e os democratas querem uma solução para os “dreamers” que são os jovens que entraram ilegalmente nos EUA quando crianças, bem como de outros grupos de imigrantes. O agravante é que, em suas últimas medidas, Trump intensificou seu discurso anti-imigração e chegou ao absurdo de chamar de “países de merda” o Haiti, El Salvador e outras nações. Um orçamento provisório foi aprovado na segunda, 22, até dia 8 de fevereiro, porém o impasse continua.

Portanto, as heranças do primeiro ano são claras: xenofobia, unilateralismo e belicismo. Adjetivos que se resumem muito bem seu slogan eleitoral “American First”.

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