Em breve nota publicada na coluna do Lauro Jardim do jornal O Globo (leia aqui ou aqui), os brasileiros foram informados de que o governo Temer pretende utilizar as modernas ferramentas de buscas das redes sociais para manipular a opinião pública sem intermediários. Na cara dura, a equipe de comunicação do governo federal realizou uma reunião com representantes da empresa Google para acertar os termos de uma “parceria” profundamente perniciosa e antidemocrática.

No troca-troca entre o governo golpista e a toda poderosa da internet (reino dos libertarians!), o primeiro entra com a grana (recursos fiscais escassos que provêm de uma estrutura tributária regressiva!) e a segunda entrega uma mudança em seus sistemas de filtros que farão os mecanismos de buscas do Google e do Youtube direcionarem o internauta para as páginas que interessam ao governo. De início, no que parece ser um projeto piloto, os internautas que fizerem pesquisa sobre o tema “previdência” serão encaminhados às páginas oficiais do governo, nas quais encontrarão diferentes versões da falsa tese a respeito da necessária aprovação da reforma previdenciária.

Além de clara afronta à democracia brasileira e do jogo sujo que o atual governo pratica para arrebentar com a Previdência Social, a sinistra parceria é também reveladora do que muitos pensadores sociais contemporâneos vêm apontando nos últimos anos: o capital, quando liberto dos constrangimentos das instituições políticas, não é capaz de conviver com a democracia. Mais cedo ou mais tarde, movido pela premência da concorrência intercapitalista, acaba estuporando os limites pactuados na arena política, minando as tímidas regras de convívio civilizado e imprimindo tons crescentemente totalizantes aos rincões por onde estende suas patas.

No Brasil de hoje, comandado por meia dúzia de “homens do mercado”, o tempo histórico parece ter se acelerado e os capitais despudorados não pretendem perder essa oportunidade. Até onde conheço, o bom-mocismo da modernosa Google não ousou fechar negócios semelhantes em outras nações. Com Temer, inauguram modelos de negócio que deixam George Orwell no chinelo.

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