Ambientado nas mobilizações estudantis ocorridas entre os anos de 1977, 1978 e 1979, o livro Nós, que amamos a Revolução, escrito pelo jornalista mineiro Américo Antunes nos anos 1980 e publicado somente em 2016, aborda o período de retomada do movimento estudantil no final dos anos 1970 e de ascensão das lutas pela redemocratização do Brasil no combate à ditadura civil-militar. No romance são narradas as experiências dos personagens, em sua grande maioria estudantes, durante a preparação e realização de mobilizações que marcaram a luta contra o regime como o primeiro Dia Nacional de Lutas ocorrido em 1977, o III Encontro Nacional de Estudantes realizado em Belo Horizonte, fortemente reprimido pelos militares, e o 31 Encontro Nacional de Estudantes de reconstrução da União Nacional dos Estudantes (UNE), que havia sido colocada na ilegalidade.

Ao mesclar política e contracultura, temas que marcaram profundamente as trajetórias dos personagens, o autor traz à tona um universo de experiências que envolve desde a esfera privada das relações humanas e os dilemas pessoais até, por exemplo, os debates produzidos no interior das organizações político-partidárias da esquerda e suas frações estudantis. Sobre este último, destacam-se as divergências políticas no que se refere, por exemplo, a construção do socialismo, ao processo de reconstrução da UNE, o apoio ao Movimento Democrático Brasileiro (MDB).

O cenário apresentado no livro inclui ainda referências a acontecimentos que marcaram o período como a criação do Movimento Feminino pela Anistia, do Comitê Brasileiro pela Anistia, as greves operárias do ABC paulista, as Comunidades Eclesiais de Base (CEB´s), os debates realizados pela esquerda em torno da construção do Partido dos Trabalhadores. Além de passagens nas quais são narrados protestos em homenagem a militantes assassinados pela ditadura como Edson Luís, Honestino Guimarães e Alexandre Vannuchi, José Carlos da Mata Machado.

A obra é marcada pelos esforços de uma geração que ousou lutar contra a ditadura para mudar o país. E, neste sentido, parece que o autor, no próprio título do livro, coloca na ordem o dia a atualidade das ações revolucionárias em uma clara referência e oposição à obra de Fernando Gabeira, cujo título refere-se ao tempo verbal no passado “Nós que amávamos tanto a revolução”.

Ficha:

Título: Nós, que amamos a revolução

Autor: Américo Antunes

Ano: 2016

Editora: Alameda

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