Jornada Continental pela Democracia e contra o Neoliberalismo começa no Uruguai
Reprodução/Marcha Mundial das Mulheres
Começou nesta quinta-feira (16) e se estenderá até sábado (18), em Montevidéu, capital do Uruguai, a Jornada Continental pela Democracia e contra o Neoliberalismo. A atividade foi construída pelo movimento sindical e organizações sociais da região, com objetivo de mobilizar os povos para a defesa da democracia, atualmente ameaçada em vários países da América do Sul por forças conservadoras, que pressionam por novos tratados de livre-comércio, retomando a agenda neoliberal e atacando direitos sociais e trabalhistas.
Diversos sindicatos da CUT estão participando do encontro, que tem na sua pauta a luta pela democracia, a soberania, a integração dos povos e a resistência ao livre comércio e às transnacionais.
A jornada acontece uma década depois de os movimentos sociais terem derrotado a ALCA (Área de Livre Comércio das Américas). “A não implementação da ALCA foi fruto das mobilizações dos movimentos sociais, que a partir de um plebiscito, deixou claro que os brasileiros não aceitavam um comércio com viés claramente neoliberal, que penalizava os povos latino-americanos e que apenas beneficiava o capital”, lembra o presidente da CUT-RS, Claudir Nespolo.
De fato, a ALCA foi uma proposta feita pelos Estados Unidos, em 1994, com o objetivo de eliminar barreiras alfandegárias entre os 34 países americanos, formando assim uma área de livre comércio, com uma evidente vantagem para a indústria norte-americana, que ofereceria produtos a preços mais baixos no continente latino-americano, levando, supostamente, ao fechamento de indústrias e ao aumento do desemprego na América Latina.
Com muita luta dos movimentos, o projeto da ALCA foi recusado pela maioria dos governos latino-americanos durante a 4ª Cúpula das Américas.
Momento de resistência
Para Nespolo, a jornada acontece numa conjuntura adversa à classe trabalhadora. “Vivemos um momento de resistência a golpes e tentativas de retomada das políticas neoliberais e de exploração do continente, em vários países, sendo um dos mais emblemáticos o golpe parlamentar, jurídico e midiático no Brasil, cujo presidente ilegítimo vem sucessivamente desmontando o Estado e acabando com políticas sociais e com direitos históricos dos trabalhadores”, aponta.
Ele lembra que a política de entrega das riquezas brasileiras a grupos econômicos estrangeiros foi possibilitada por um governo entreguista e que abre mão da soberania nacional, em nome dos interesses de grupos como empresários, latifundiários e políticos corruptos. “Não vamos permitir o retrocesso e o fim das políticas de transformação social que o povo conquistou nos últimos anos, elegendo projetos que avançaram em muitos setores, como redução da pobreza, inclusão social e melhor distribuição de renda. E juntos nossa luta será mais forte”, ponderou.
Fortalecer a unidade
A jornada se propõe a debater a escalada de retirada de direitos que vem se dando no Brasil e outros países na América Latina, com eliminação de importantes programas sociais, por governos ilegítimos ou sustentados pelo capital, que retoma fortemente a agenda neoliberal de aprofundamento da desigualdade e concentração de riqueza, o que exige a organização e a mobilização continental para enfrentar a complexidade da conjuntura atual. Assim, a jornada se constitui num importante movimento para fortalecer o processo de unidade da luta e ação sindical.
O início da jornada está sendo marcado por uma greve e uma grande marcha pelas ruas de Montevidéu, organizada pela centrais sindicais do Uruguai (PIT-CNT).
Já a plenária de abertura reunirá movimentos de mulheres, sindicatos, juventude, campesinos, indígenas, ambientalistas e negros presentes em Montevidéu.
Para o segundo dia estão previstos encontros setorizados entre os países.
O final da jornada será com uma grande plenária de convergência, que definirá uma agenda comum de luta para o próximo período no continente.
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