Dilma, em viagem a Alemanha, fala sobre golpe e retrocessos no Brasil
A ex-presidenta Dilma Rousseff estará em Berlim entre os dias 12 e 15 novembro com uma intensa agenda de encontros em universidades, com partidos e políticos alemães e os meios de comunicação.
Nesta terça-feira, 14 de novembro, proferiu conferência na Universidade Livre de Berlim sobre a politização da Justiça no Brasil, ao lado da ex-ministra da Justiça da Alemanha Herta Daubler-Gmelin. Assista aqui a íntegra.
Em entrevista à Deutsche Welle, em Berlim, Dilma afirmou que é preciso distinguir os autores do golpe que a derrubou daqueles que foram às ruas contra o governo, mas não sabiam que o Brasil seria levado à situação trágica em que se encontra hoje.
“Uma hora nós vamos ter que nos reencontrar. Uma parte do Brasil se equivocou. Agora isso não significa perdão àqueles que planejaram e executaram o golpe. Você tem uma porção de pessoas que foram às ruas e que estavam completamente equivocadas. Mas você não vai chegar para elas e falar ‘nós vamos te perseguir’. Precisamos criar um clima de reencontro, entende? Não vai ser um clima vingativo, não pode ser isso”, disse.
Dilma disse também que o movimento conservador que produziu o golpe contra um governo democrático não pode se considerar absolutamente vitorioso, um ano depois do impeachment.
“O golpe que sofri tem três fases. A primeira e inaugural é meu impeachment. A segunda é esse estrago que eles estão provocando no Brasil, como a emenda que congela os gastos em saúde e educação. Ou a reforma trabalhista, num país que há pouco tempo saiu da escravidão, e esse processo de venda de patrimônio público. O terceiro momento do golpe é inviabilizar o Lula e, aí, vender o pré-sal”, explicou ao público alemão.
Segundo Dilma, “com o impeachment o PSDB acabou, sumiu. O que os conservadores conseguiram produzir? Produziram a extrema direita, o MBL e o Bolsonaro. E o que ainda é novo no Brasil? O gestor incompetente, tipo o Trump? O João Doria? Ou você deseja a política de animação de auditório como política social, que é o Luciano Huck? Isso é o novo? Sabe o que eu acho que é o novo? Esse foi um pensamento que tive depois do caso do William Waack. Você sabe o que é coisa de preto? O PT é coisa de preto. O Lula é coisa de preto. Nós somos coisa de preto. Eu sou uma coisa de preto”.
Nos dias 15 e 17, estará em Estrasburgo (França) para falar no parlamento da União Europeia. A pauta da visita incluir contatos com políticos e partidos para tratar do processo de Golpe no Brasil e a defesa da democracia que possibilite eleições livres em 2018, bem como das caravanas do presidente Lula e do programa Brasil que o povo quer.
O presidente da Fundação Perseu Abramo, Marcio Pochmann, acompanha a ex-presidente nesta viagem e explica que “em contato com os meios de comunicação, intelectuais e estudantes em universidade alemã, a presidenta Dilma tem explicado os resultados nefastos para os brasileiros, consequências do golpe de 2016. Ao mesmo tempo conferiu enorme entusiasmo à mobilização do PT em torno das caravanas de Lula e da iniciativa Brasil Que o Povo Quer.