Memorial de Tereza Campello, ex-ministra do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, mostra os avanços no combate à pobreza multidimensional no Brasil durante os governos do PT. A metodologia, utilizada pelo Banco Mundial, considera indicadores de renda (aqueles com renda domiciliar per capita menor do que R$ 140 por mês) e outras sete dimensões como educação, acesso à água, saneamento, eletricidade, moradia e bens como geladeira, fogão e telefone. Aqueles que tem renda abaixo do parâmetro indicado e sofrem de três ou mais privações dos outros sentidos são considerados no cômputo da pobreza multidimensional.

Em 2002, os pobres crônicos no Brasil somavam 9,3% da população e 2,1% em 2011, chegando a 1% em 2014. A autora aponta que a pobreza crônica multidimensional cai ainda mais acentuadamente que a pobreza de renda e não aumenta de 2014 para 2015, permanecendo em 1%, apesar da pobreza medida apenas com a renda ter apresentado flutuação.

Quanto às diferenças entre o campo e a cidade, enquanto em 2002 a pobreza crônica atingia quase 32% dos moradores do campo, nas cidades impactava 5,1%, mas ocorre convergência das duas curvas, com a pobreza crônica multidimensional chegando a 5% no meio rural e 0,3% no meio urbano.

Outra confluência importante ocorreu entre a curva de pobreza entre negros, pardos e indígenas e a curva de brancos e amarelos: em 2002, pobreza crônica atingia quase 15% dos negros e 4,4% dos brancos, mas a distância de mais de 10 pontos percentuais caiu para pouco mais de 1 ponto.

Pobreza crônica multidimensional por raça/cor, 2002 a 2015

Isso decorre, defende Campello, da priorização em alcançar os negros e os pobres. Por exemplo:

– Das famílias do Bolsa Família, 75% são negras, sendo que, do total de famílias inscritas no Cadastro Único, 67% são chefiadas por negros e negras;

– De 1,75 milhão de matrículas efetivadas no Pronatec/BSM, 53% são de negros e negras;

– Dos mais de meio milhão de empreendedores do Bolsa Família formalizados como Microempreendedores Individuais (MEI), os negros e negras representam 63%;

– 82% dos empréstimos tomados por empreendedores do Bolsa Família no Crescer, Microcrédito Produtivo Orientado, beneficiaram negros e negras. O percentual chega a 79% quando observamos o crédito rural;

– Em vagas financiadas pelo Brasil Carinhoso nas creches, 66% das crianças são negras.

Finalmente, a trajetória da pobreza crônica multidimensional por regiões mostra que a redução da pobreza e das desigualdades regionais caminharam juntas: o Nordeste parte de 20% e o Norte de 15,2%, em 2004, e chegam ambos a 2,6% em 2015, enquanto Sudeste/Sul/Centro-Oeste partem de entre 1,9% e 3,4% e chegam a 0,1% no mesmo período, reduzindo as disparidades regionais.

A importância das políticas públicas de proteção social e os resultados de redução da pobreza no Brasil também é uma avaliação de organismos internacionais ligados as Nações Unidas e do Banco Mundial. Leia a íntegra do Memorial aqui.

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