Rumo ao paraíso: êxodo urbano nas telas de Paul Gauguin
Alexandre Guerra
Recentemente, ao folhear um livro de arte, me deparei com o quadro “Mulheres de Taiti na praia” de Paul Gauguin, pintado em 1891. A pintura em tinta óleo remete à beleza natural e aos nativos da Polinésia francesa do século 19 retratados com pureza pelo pintor. O filme Rumo ao Paraíso (2003), que aborda a biografia de Gauguin (interpretado por Kiefer Sutherland) ao longo de sua trajetória artística pouco conhecida em vida, inicia mostrando-o como corretor bem-sucedido da bolsa de valores de Paris.
Ele vive de forma harmoniosa com sua esposa Mette (Nastassja Kinski) e seus quatro filhos, em 1874. No entanto, o estilo de vida de homem afortunado envolto por um conceito de família feliz foi deixado em segundo plano pelo seu entusiasmo pela arte e pelo prazer de pintar.
Em 1891, o interesse pela arte ficou evidente, no ponto alto do filme, quando Gauguin abandona os negócios e a família ao partir para uma jornada rumo ao paraíso tropical do Taiti – a maior ilha da polinésia francesa. A partir desse momento, suas telas passam a revelar a fauna, a flora e o cotidiano dos nativos que habitam o Pacífico Sul, remetendo ao conceito de pureza primitiva das relações humanas em uma natureza ainda intocável.
Em defesa desse paraíso tropical, Gauguin passa a criticar o modelo de colonização e a ação missionária católica, que, segundo o pintor, visava a eliminação da cultura tradicional dos taitianos em prol do lucro com a ingenuidade do povo nativo. Arte, êxodo urbano e crítica aos colonizadores são ingredientes encontrados nesse longa-metragem dirigido por Mario Andreacchio.