Novos capítulos dos escândalos que envolvem Joesley Batista e o grupo J&F devem pautar a conjuntura após o procurador-Geral da República, Rodrigo Janot, ameaçar anular total ou parcialmente a delação premiada feita pelo empresário e seu grupo. De acordo com Janot, o empresário omitiu outras gravações e conteúdos. A reviravolta pode impactar na segunda denúncia que seria feita contra o presidente golpista Michel Temer, por formação de organização criminosa. Com a citação de nomes da PGR e de ministros do STF os novos conteúdos devem desviar o foco de Temer.

Os novos áudios foram entregues pelas próprias defesas dos executivos, incluindo uma conversa de quatro horas entre Joesley Batista e Ricardo Saud. Nas conversas, os delatores citam três ministros do STF, Ricardo Lewandowski, Gilmar Mendes e Carmem Lúcia, e o ex-ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo. Outro nome mencionado é o do ex-procurador Marcello Miller, que teria auxiliado os executivos no acordo de delação enquanto ainda exercia função dentro da PGR.

Em nota, a PGR afirmou que os áudios dão a entender “[…] que ele estaria auxiliando na confecção de propostas de colaboração para serem fechadas com a Procuradoria-Geral da República. Tal conduta configuraria, em tese, crime e ato de improbidade administrativa”. No dia 4 de setembro, Janot assinou portaria que instaura uma revisão no acordo de colaboração premiada de três dos sete executivos que fizeram delação.

De acordo com informações veiculadas na imprensa, Miller também teria atuado com o grupo J&F durante a Operação Carne Fraca, que investigou frigoríficos que supostamente adulteravam carne. Na ocasião, o ex-procurador teria feito extensa justificativa da operação a executivos da JBS, controlada pela J&F. De acordo com a PGR, a revisão do acordo não acarreta na nulidade de provas obtidas, e sim na revisão dos benefícios, de maneira parcial ou total, dados aos delatores.

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