Sanções à Venezuela impostas por Trump agravarão vida do povo
Em mais uma tentativa de isolar e enfraquecer o governo de Nicolás Maduro, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, aprovou novas sanções econômicas à Venezuela na última sexta-feira, 25. Essas proíbem transações dos títulos da dívida venezuelana e compras de bônus da estatal petroleira, Petróleos de Venezuela S.A. (PDVSA), o que pode acarretar sérios problemas para a fragilizada economia do país.
A intenção de Trump é provocar mais caos na sociedade venezuelana, aumentar a insatisfação do povo frente a Maduro e restabelecer um governo de direita alinhado aos interesses imperialistas, sobretudo no que tange ao petróleo. Tudo isso é mascarado com o discurso de defender e levar a democracia ao território venezuelano, combatendo o que o presidente estadunidense considera como ditadura – retórica utilizada, cabe lembrar, em algumas das intervenções americanas no Oriente Médio que, como a história mostra, poderiam ter trocado a palavra democracia por destruição.
O problema de Trump é que a estratégia adotada pelo governo dos Estados Unidos, que incluiu a ameaça de intervenção militar, não está sincronizada com o que acontece no interior da Venezuela. Após a eleição da Assembleia Nacional Constituinte e convocação de eleições regionais e municipais para outubro, os conflitos de rua foram amenizados, e a oposição está ocupada com a disputa destas eleições.
No entanto, há dois outros fatores relacionados à ameaça militar que devem ser considerados seriamente. A Colômbia acusa as forças armadas venezuelanas de violar sua fronteira e o exército brasileiro organiza um treinamento na Amazônia com participação peruana e colombiana, além de militares estadunidenses. Não se sabe o número dos que virão, mas fazer exercícios na Amazônia junto com militares dos EUA sempre foi abominado pelo exército brasileiro, e até isso os golpistas estão mudando, aparentemente como um complemento à retórica contra o governo da Venezuela.
As sanções impostas por Trump seriam, nesse sentido, uma tentativa desesperada de retirar Maduro. Essas irão impactar negativamente toda a sociedade venezuelana, remetendo a um cenário de impedimento dos pagamentos da dívida externa, já que o principal polo de financiamento e de venda de ativos é o mercado financeiro americano. Ademais, o Banco Central da Venezuela ficará com as mãos atadas para realizar medidas que atendam as importações, inclusive as de necessidades básicas como as de alimentos.
As medidas de estrangulamento da economia venezuelana empobrecerão e ameaçarão a população de passar fome em um cenário de destruição econômica e social. Vale tudo para tentar colocar no poder a “democracia” da direita.