O doleiro Lúcio Funaro assinou no dia 22 de agosto o acordo de colaboração premiada com a Procuradoria-Geral da República e deve detalhar sua atuação como operador financeiro do PMDB da Câmara dos Deputados. As revelações de Funaro serão utilizadas nas denúncias do procurador geral Rodrigo Janot contra Temer, antes de deixar o cargo.

As palavras de Funaro deverão ter forte impacto sobre o PMDB, uma vez que ele é considerado o principal operador do ex-deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), e ajudou a abastecer campanhas de vários colegas de partido, do grupo político de Temer cujos principais integrantes são os atuais e ex-ministros Eliseu Padilha, Moreira Franco, Geddel Vieira Lima e Henrique Eduardo Alves.

Funaro deve explicar como o PMDB atuava em órgãos públicos sob o controle de seus integrantes, sua atuação no Fundo de Investimento do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço, o Fi-FGTS, e a sua influência sobre a vice-presidência da Caixa Econômica Federal durante a gestão de Geddel Vieira Lima. A expectativa é que as informações implique diretamente Michel Temer e cerca de quarenta outros políticos nos esquemas que resultaram no pagamento de mais de 170 milhões, nos últimos doze anos.

Funaro está preso desde julho do ano passado na Penitenciária da Papuda, em Brasília. As condições do acordo de Funaro ainda estão sob sigilo, mas o jornal Valor Econômico apurou que o doleiro ficou proibido de voltar a atuar no mercado financeiro e permanecerá preso em regime fechado por algum tempo, além de ter que pagar multa. Assinado o acordo de delação, Funaro começará a prestar os depoimentos detalhando o que se comprometeu a entregar em sua colaboração. Depois, os documentos serão enviados ao Supremo Tribunal Federal (STF) para homologação.

Auxiliares de Temer tentam minimizar o estrago no governo que a delação possa causar. oficialmente, o Planalto não quis comentar a declaração e disse que o tema deveria ser tratado com o advogado do presidente, Antonio Cláudio Mariz.

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