Com 263 votos favoráveis a Temer, 227 votos contra, vinte ausências e duas abstenções, deputados rejeitam a abertura do processo de investigação sobre corrupção passiva contra Temer. Por volta das 12h30, o quórum de 342 deputados foi alcançado e a votação começou efetivamente por volta das 18h30. O governo precisava conseguir 172 votos para barrar a denúncia e a oposição precisava de 342 para dar continuidade.

A oposição, no início da votação, tinha pouco mais de 110 votos e obteve mais do que o dobro. Apesar de todo esforço do governo em conter “traições”, que ocorreram em todos os partidos da base. Dos 368 deputados que compõem a totalidade dos partidos da base aliada do governo, 105 deputados votaram a favor da denúncia. No PMDB, dos 63 deputados, seis votaram contra Temer. Segundo o presidente do partido, Romero Jucá (RR), esses deputados responderão ao conselho de ética do partido.

Já no PSDB, que representa o segundo maior partido da base e possui quatro ministérios e 47 deputados, a divisão foi mais evidente, com 22 votos a favor de Temer, 21 contra e quatro ausências. No PP, também com 47 deputados, 37 votaram a favor do governo, sete contra e três abstenções ou ausências. O PR, dos seus quarenta deputados, 28 votaram a favor de Temer, nove contra e três abstenções e o PSD, dos seus 38 deputados, 22 votaram a favor de Temer e catorze contra, além de duas abstenções.

O DEM, com trinta deputados, garantiu 23 votos favoráveis ao governo, cinco se posicionaram contra e uma ausência, além de Rodrigo Maia, que não votou (17% de traição). No PRB, dos 23 deputados, quinze votaram a favor de Temer e sete contra (30% de traição). Os partidos mais fiéis foram PTB (11% de traição), PP (15%), DEM (17%) e PR (23%).

Na oposição, a votação foi mais homogênea contra Temer, só um deputado do PDT, um do PPS e um do PTdoB registraram votos a favor de Temer. O PSB, sétima maior bancada, com 35 deputados, que ao final de junho anunciou o rompimento com o governo, votou em sua maioria contra Temer (22), mas ainda manteve onze votos a favor.

Na divisão dos votos por regiões, Temer teve o maior porcentual de apoio no Centro-Oeste (68% dos votos). A seguir vieram as regiões Norte (63% de apoio), Nordeste (48%), Sul (48%) e Sudeste (47%).

Durante a votação o governo trabalhou intensamente na articulação, com pagamento de emendas e ofertas de cargos para conseguir ampliar o número de votos e garantir maioria de apoio (257 votos), o suficiente para aprovar leis complementares. O ministro da Secretaria de Governo, licenciado, Antonio Imbassahy, negociou emendas parlamentares no plenário da Câmara, buscando ampliar a margem para facilitar o Planalto retomar a pauta das reformas no Congresso. Ainda assim o número de votos alcançados é insuficiente para aprovação de emenda constitucional, que precisa de três quintos, ou seja, 308 votos.

Com o racha na bancada do PSDB e a expressiva votação do DEM, que mesmo diante da possibilidade de o partido assumir a presidência da República, com o presidente da Câmara Rodrigo Maia (DEM-RJ), preferiu manter Temer no governo, a correlação de forças deve mudar.

Fora do Congresso não houve pressão popular, os gramados ficaram vazios e nem cem manifestantes compareceram para acompanhar a votação.

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