No dia 16 de junho, o ministro interino da Cultura, João Batista de Andrade (PPS-SP), enviou uma carta a Temer, pedindo demissão da pasta. Andrade é o nono ministro de Temer a deixar o cargo neste governo e outros oito são alvos de inquérito no Supremo Tribunal Federal, mas ainda seguem nos cargos.

Andrade é o terceiro Ministro da Cultura desde o início do governo, em maio de 2016, quando Temer eliminou a pasta da Cultura e voltou atrás. Ele assumiu interinamente, em maio, depois da demissão de Roberto Freire, em reação às gravações de Joesley Batista. Antes, o Marcelo Calero havia deixado a pasta por pressão do então ministro do secretário de Governo, Geddel Vieira Lima, para liberação de obra embargada pelo Iphan, em Salvador.

Segundo Andrade, a pasta se tornou inviável depois do corte de 43% no orçamento da pasta, há dois meses, e o Ministério é tratado pelo governo de forma a inviabilizá-lo ainda mais. Na opinião de Andrade, o país vive atualmente um quadro desfavorável para a política cultural.

Além disso, as disputas em torno da nomeação do presidente da Agência Nacional do Cinema (Ancine) desgastaram o interino. Andrade queria nomear a produtora cultural paulista, Debora Ivanov, para presidir a agência, mas o governo nomeou Sérgio Sá Leitão. Ele também havia indicado Jorge Peregrino para a diretoria colegiada, mas foi anunciado o nome de Fernanda Farah Zorman, indicação de Rodrigo Maia (DEM-RJ). Para Andrade houve desrespeito e desautorização na não aceitação dos nomes indicados pelo do MinC.

Temer já havia dito que trocaria o interino e estava negociando há semanas o cargo de ministro com partidos da base aliada. O PMDB disputa a vaga aberta no Ministério desde que Roberto Freire (PPS) pediu demissão. O partido quer ampliar sua participação no governo depois que perdeu o Ministério da Justiça, em maio. Andrade se antecipou, colocando o cargo à disposição.

A senadora e ex-ministra da cultura no governo Dilma, Marta Suplicy (PMDB-SP) foi cotada para assumir a pasta, mas declinou do convite. O deputado André Amaral Filho (PMDB-PB) e Laura Carneiro (PMDB-RJ), filha do ex-presidente do Senado Nelson Carneiro, também estão sendo cotados. O PMDB Afro de Minas Gerais reivindica a vaga para o ator Jorge Coutinho, que conta com o apoio dos ministros Moreira Franco (Secretaria-Geral da Presidência) e Eliseu Padilha (Casa Civil).

A substituição efetiva do Ministério da Cultura será anunciada na próxima sexta-feita (23), quando Temer voltar da viagem oficial à Rússia e à Noruega.

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