A 21ª edição da Parada do Orgulho LGBT de São Paulo aconteceu no domingo, 18 de junho, com o tema “Independente de nossas crenças, nenhuma religião é Lei! Todas e todos por um Estado Laico”. Os números iniciais dão conta que seriam pelo menos três milhões de pessoas na edição deste ano.

Segunda a presidenta da Associação da Parada do Orgulho LGBT, Claudia Regina, “este tema foi discutido em várias reuniões ao longo do ano desenvolvido pela ONG em parceria com coletivos, outras ONGs LGBTs e militantes independentes onde, entre diversas questões, o fundamentalismo religioso tem ganhado dentro da política grande importância aos avanços e retrocessos morais sobre os assuntos ligados à diversidade”.

Para Claudia, “nossos principais inimigos hoje são os fundamentalistas religiosos, grupos de pessoas dentro de algumas religiões que insistem em nos condenar e retirar direitos já adquiridos. No Congresso Nacional, por exemplo, o debate sobre a criminalização da LGBTFobia é repleto de ataques de parlamentares da bancada religiosa e conservadora, muito dos quais utilizam suas imunidades parlamentares para disseminar o ódio a uma parcela da população. Seus argumentos? Alguns citam suas visões de fé, como se estivessem em seus púlpitos e não em uma instituição que deveria garantir e se orientar pela laicidade, preconizada na Constituição Federal de 1988.”

Com a avenida Paulista já tomada de participantes de São Paulo, cidades do interior, outros estados e estrangeiros, o comando da abertura foi da drag queen Tchaka. Na contagem, já clássica, Tchaka fez a chamada dos presentes: “levantem agora as mãos os gays. E as lésbicas? As mulheres trans, os homens trans?, As travestis?”, chamando toda diversidade a se pronunciar debaixo do sol quente do domingo.

A abertura contou com presenças de personalidades globais, como Fernanda Lima, e do vereador petista Eduardo Suplicy, que em votação simbólica também fez todos e todas levantarem as mãos com o pedido para que o prefeito João Doria retome o projeto TransCidadania.

Suplicy e os demais no trio elétrico de abertura não deixaram de falar sobre o tema da Parada, mas a política e a conjuntura nacional foram pautadas, fazendo ecoar pela avenida Paulista um sonoro Fora Temer.

A Parada do Orgulho, não é de hoje, busca a mercantilização da luta como forma de promover o evento considerado até hoje o maior do mundo. Este ano contou com patrocínio da Skol, Uber e Doritos. Foi anunciado o apoio institucional da Prefeitura de São Paulo, mas Doria não prestigiou o segundo maior evento em arrecadação para a cidade.

Logo após a abertura, que talvez tenha sido uma das mais politizadas em 21 anos de Parada, eram esperados os shows de Daniela Mercury e Anita. O tema é intenso, uma vez que a bancada da Bíblia segue poderosa no Congresso Nacional e a conjuntura do país deveria atingir mais fortemente um setor que necessita seguir lutando, inclusive para existir. Mas exigir menos festa e mais política não é um caminho suave para o mundo LGBT. Ainda assim, ter a maior Parada do planeta gritando Fora Temer já pode ser considerado um grande avanço.

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