Curtas à vontade
Curta-metragem é uma modalidade de filme de curta duração. O termo começou a ser utilizado no início do século 20 nos Estados Unidos, quando os filmes passaram a ficar cada vez mais longos. Por lá, são considerados short film os com duração de até quarenta minutos. No Brasil, os primeiros curtas começaram a ser filmados também neste período. Em 1908, o curta “Nhô Anastácio Chegou de Viagem”, dirigido por Marc Ferrez e Arnaldo Gomes de Souza, retrata a chegada de um caipira à cidade grande. Pouco tempo depois, em 1917, ocorreu a gravação da animação “Kaiser”, do cartunista Álvaro Marins, o qual infelizmente não sobreviveu ao tempo. A legislação brasileira define a duração limite de quinze minutos para o conceito de curta-metragem.
A partir das décadas de 1950 e 1960, os curtas passam a ter mais importância na filmografia brasileira, passando a ter exibições próprias, e não apenas como ‘sala de espera’ de filmes de longa duração, e recebem seus primeiros prêmios internacionais com produções como “Couro de gato”, de Joaquim Pedro, em 1962. Nas décadas 1970 e 1980 o formato curta teve sua maior expansão no cenário nacional, com produções internacionalmente premiadas como “Di Cavalcanti”, de Glauber Rocha, em 1979, “Frei Tito”, de Marlene França, em 1985, Meow!, de Marcos Magalhães, em 1981, e “Ilha das Flores”, de Jorge Furtado, em 1989. Este último eleito pela crítica europeia como um dos cem mais importantes curtas-metragens do século 20.
A cena cinematográfica, e especialmente a de curtas-metragens, sofreu um grande baque com o governo Collor, que extinguiu as estruturas do Estado que contribuíam com o mercado cinematográfico: iniciativas como a Embrafilmes, Concine, entre outras, deixaram de existir neste início dos anos 1990. Apenas na segunda metade desta década o setor ensaia retomadas, com o surgimento de festivais nacionais de curtas e centros culturais como Nacional/Unibanco, Banco do Brasil e Itaú, estimulados por políticas estatais de renúncia fiscal, bem como de investimentos da Petrobras em sua imagem, patrocinando mais de mil projetos na área audiovisual até os recentes anos.
Além dos já citados, curtas mais recentes como “Dadá”, de Eduardo Vaisman, em 2001, a animação “Guida”, de Rosana Urbes, em 2015, ou o recém premiado em Cannes, “A moça que dançou com o diabo”, de João Paulo Miranda Maria, em 2016, podem ser facilmente encontrados em sites como o Porta Curtas, patrocinado pela Petrobras de 2002 a 2014, um projeto de difusão do curtas-metragens brasileiros através da internet, que conta com um banco de dados online, com catalogação de títulos e fichas técnicas de milhares de curtas já feitos no Brasil. Os curtas podem ser assistidos na própria plataforma por meio da tecnologia streaming. Hoje, vários espaços virtuais gratuitos propiciam o mesmo acesso, seja o Youtube ou Vimeo, ou ainda outros específicos, como os sites Curta o Curta e Melhores Curtas.
Uma ótima opção para se conhecer produções diversificadas, os curtas são uma forma de acesso cultural mais democrática para produtores e espectadores, tanto pelo aspecto econômico, como pela independência de abordagem do conteúdo.
Seguem alguns dos links acima mencionados: