Na quarta-feira (24/5) o governo golpista levou seu autoritarismo a níveis alarmantes que devem preocupar qualquer pessoa comprometida com a democracia. Não satisfeito em chegar ao poder por meio de um impeachment aprovado sem crime de responsabilidade que o justificasse, em impor uma agenda de desmonte do Estado brasileiro e dos direitos do povo à revelia da opinião pública, Michel Temer tolheu um dos direitos fundamentais a qualquer democracia no mundo, o de oposição e de manifestação.

Ao decretar Estado de Sítio no Distrito Federal e convocar as Forças Armadas para reprimir as manifestações populares do Ocupa Brasília, os golpistas demonstraram que estão dispostos a romper com a democracia para aprovar suas reformas e se manter no governo.

Os movimentos sociais, centrais sindicais e os trabalhadores que foram do país inteiro para participar da manifestação não recuaram frente a forte repressão da Polícia ali presente, mesmo sob um bombardeio de 5 horas, e tomaram a Esplanada dos Ministérios.

Confrontado pelo povo, Temer, não satisfeito em ser corrupto e entreguista, decidiu ser autoritário. Convocou as Forças Armadas para calar de uma vez os manifestantes, sob os aplausos da mídia hegemônica e toda sua histórica sanha golpista e ditatorial, revivendo o espírito visto nos editoriais de 1º de abril de 1964, quando Globo, Folha, Estado e inúmeros outros apoiaram o golpe militar.

No Congresso, os deputados e senadores da oposição obstruíram os trabalhos para que nada fosse votado, por meio da ocupação das Mesas Diretoras. Após Temer decretar a intervenção militar no país, os parlamentares oposicionistas abandonaram o Plenário, indignados e em protesto.

Na manhã de hoje, quinta-feira, Temer revogou o decreto, mas o estrago já está feito e o precedente perigoso está aberto. O governo golpista deu o recado: quem reagir ao golpe inalará gás de pimenta, levará bombas e até tiros com balas de verdade. Imagens registradas no dia ontem chegaram a mostrar policiais sacando seus revólveres e atirando contra a multidão.

Temer é quem realmente vandaliza o país e joga no lixo a Constituição de 1988. Não obstante, se dispõe a sacrificar a democracia duramente conquistada no Brasil, mostrando que os golpistas consideram o povo um obstáculo. Nós, do campo democrático e popular, continuamos acreditando que o povo é a solução.

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