Em Brasília, ao mesmo tempo que uma massa de trabalhadores e estudantes tomava conta da Esplanada dos Ministérios, o golpista Michel Temer autorizou o uso das Forças Armadas para garantia da Lei e da ordem no Distrito Federal, de 24 a 31 de maio. A nota que oficializa o Estado de Exceção foi publicada hoje em edição extra do Diário Oficial da União.

Durante o Ocupa Brasília, organizado pelas frentes Brasil Popular e Povo sem medo, três trios elétricos e uma dezena de pequenos caminhões de som organizou um ato que, debaixo de bala de borracha, bomba de efeito moral e gás lacrimogêneo ainda não acabou.

Polícia Federal, Força Nacional e Tropa de Choque ainda tentam encerrar a manifestação. Essa ação articulada das polícias não veio pra evitar excessos, veio pra reprimir o grito do povo.

Mas quando a massa é grande o barulho da bala fica pequeno. Daqui, ainda do calor do momento, já é possível dizer que a resistência ao golpe deu mais um passo.

Ou as diretas viram uma realidade ou o país vai parar de fato. Não há acordo de portas fechadas que seja capaz de diminuir esse movimento. O acordo precisa ser de portas abertas, nas urnas. Só a expressão da vontade popular e a paralisação das reformas poderão trazer a chance de voltarmos a construir o Brasil.

Do lado de dentro, a Câmara dos Deputados estava mais vazia que rua em dia de copa do mundo. Os poucos parlamentares que estavam lá, de diversos partidos (Pt, PC do B, PSOL, PSB, Rede, Pdt), pareciam manter vigília pra atender ao real interesse popular.

Do lado de fora, e quando já se ouvia a marcha chegando, deputados, deputadas, senadores e senadoras da resistência não hesitaram: saíram em direção à massa, ocupando Brasília. Nessa hora, a polícia não tem suspeito, tem inimigo. E também não hesitou em agredir quem estivesse pela frente, inclusive os parlamentares.

Mas se a pimenta não parar de arder pro povo, não será o povo que vai parar de arder o golpe.

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