Caminhando para o final de 2008, devemos refletir sobre o que avançamos ao longo do ano e também sobre as perspectivas para 2009. Qualquer análise tem que levar em conta a crise econômica e financeira criada no exterior, no coração do capitalismo, e com reflexos em todo o planeta. O Brasil, embora não imune à crise, mostrou-se com forte musculatura para enfrentá-la. O governo anterior era demasiadamente propenso aos dogmas do fundamentalismo de mercado e das privatizações como solução para tudo. Não tivesse aquela propensão sido revertida com a vitória do PT e dos aliados, o Brasil hoje não teria os instrumentos para enfrentar a crise.

No segundo semestre de 2008, a Câmara dos Deputados aprovou uma série de projetos que reforçaram a estratégia do governo Lula, que se mostrou sábio ao adotar, desde 2003, medidas que, hoje, são praticadas pelos países ricos para atravessar a crise. Antes de ela eclodir, no Brasil de Lula já tínhamos uma política fundamentada no mercado interno, no crescimento com distribuição de renda e no fortalecimento de um mercado de massas para o povo brasileiro. Foi esse crescimento do mercado interno, com crédito muito amplo, a chave do sucesso. Só o crédito imobiliário cresceu 32%; o de serviços, 20%.

Qual a conclusão que podemos tirar? A principal delas é o fortalecimento do papel do Estado, que o governo Lula empunhou como bandeira. Hoje, o mundo inteiro reconhece e revaloriza o Estado para ativar os ciclos econômicos. Lula fortaleceu o serviço público, qualificando os órgãos do Estado brasileiro, para que, agora, no tempo de vacas magras, tenhamos instrumentos para ativar a economia brasileira, restabelecendo a confiança de todos num momento em que as empresas têm mais cautela.

E a reflexão que o Brasil hoje tem a fazer é que, se foi atingido por uma crise gerada lá fora, encontrou um governo de perfil progressista, que nunca acreditou no fundamentalismo de mercado, no dogma do Estado mínimo. O PT era criticado por contestar aquela visão de que só o mercado era importante. Alertávamos que o Estado precisa manter o seu papel de planejador e indutor da economia. Agora, essa posição do PT e da esquerda se confirma na realidade.

O que seria do Brasil se aqueles que defendiam a privatização de todos os bens tivessem prosseguido e privatizado Banco do Brasil, Caixa Econômica e BNDES? Se tivessem continuado com o crime de lesa-pátria, hoje não teríamos instrumentos para enfrentar a crise.

Portanto, quero homenagear a bancada do PT e a dos aliados. Foi este pensamento de resistência que garantiu que o Brasil estivesse preparado para fazer investimentos que nos garantem força para atravessar a turbulência mundial.

Queremos equilíbrio entre Estado e mercado, com a força da sociedade organizada para poder atravessar momentos de crise. O Brasil está, entre todos os países, emergentes ou ricos, na melhor posição para enfrentar uma crise, que é grave, que vai diminuir o ritmo do crescimento econômico, que vai trazer desemprego.
A crise no plano global demanda, dos brasileiros, um esforço coletivo para enfrentar os novos desafios em 2009. O pessimismo que alguns setores querem incutir na sociedade não pode triunfar. Afinal, desde 2003 construímos um país que a cada dia torna-se mais forte.

Um bom Natal, Feliz Ano Novo!

Maurício Rands, líder do PT na Câmara

Publicado no portal do PT em 15/12/2008