Nas últimas semanas a tensão aumentou entre Washington e Pyongyang. Com declarações belicosas vindas dos dois lados, caracterizando uma “guerra falada”, conjuntamente com a ameaça de uso de bombas atômicas, a região vive um dos momentos de maior apreensão desde a Guerra da Coreia. Estaríamos, então, presenciando o começo de uma nova guerra?

Quando a Segunda Guerra Mundial terminou, a península coreana que havia sido ocupada pelo Japão em 1910 foi dividida entre o sul capitalista assistido pelos Estados Unidos e, de outro, o norte socialista com apoio explícito da União Soviética e posteriormente também da China. Entre 1950 e 1953, duas Coreias estiveram em guerra, o Sul apoiado por recursos e tropas estadunidenses e o Norte da mesma forma pela China. A guerra terminou por meio de um armistício e nunca foi assinado um acordo de paz. Portanto, estão tecnicamente em confronto há mais de sessenta anos. A fronteira entre eles é o lugar mais militarizado do mundo.

Desde os anos 1990 a Coreia do Norte fala em realizar um programa nuclear, retirando-se do acordo de Não Proliferação de Armas Nucleares assinado em 1968. A partir de 2006 o país fez diversos testes com bombas nucleares e com a chegada de Kim Jong-un ao poder ampliou-se o número de testes de mísseis visando adquirir a capacidade de disparar artefatos atômicos à longas distâncias. Estes vêm sendo feitos com intervalos menores – mais de 65 mísseis foram experimentados no governo atual – mais que o dobro que o antecessor, Kim Jong-iI.

Por seu turno, os Estados Unidos, durante a presidência de Barack Obama, mantinham uma “política de paciência” frente aos planos norte coreanos. Com a ascensão de Donald Trump isto está mudando. No dia 8 de abril, após um teste de míssil dar errado, o presidente estadunidense enviou porta aviões USS Carl Vinson para a península coreana. A política teria mudado. Para tensionar ainda mais a situação, segundo dados da inteligência norte-americana, Kim estaria, no máximo, a três anos de conseguir aumentar o alcance de suas bombas até Los Angeles.

Um ataque preventivo de qualquer um dos lados significaria, no mínimo, nova guerra entre as Coreias ao custo de mais de um milhão de mortos e o risco de envolver outras nações. Entretanto, apesar das falas belicosas, não devemos esquecer que, nos bastidores, há outros interesses em jogo. A Coreia do Norte tem utilizado suas ameaças historicamente para barganhar no cenário internacional, enquanto os Estados Unidos podem estar blefando a fim de pressionar os chineses e fazer com que estes estrangulem a economia do primeiro, pois 85% das exportações norte coreanas têm como destino a China.

A única certeza é que uma ação irresponsável de qualquer uma das partes terá desdobramentos inimagináveis.

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