Retorno do crescimento econômico do País desde 2004 teve efeitos positivos no mercado de trabalho

Dados do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) apontam que o rendimento dos trabalhadores mais pobres cresceu proporcionalmente mais do que o dos mais ricos entre 2002 e 2008, diminuindo a desigualdade de salários existente entre esses dois grupos. A queda na desigualdade foi de 7% entre o quarto trimestre de 2002 e o primeiro de 2008. O levantamento mostra que o Índice de Gini, indicador de desigualdade de renda, que varia de zero a 1 (quanto mais próximo de 1, maior a desigualdade), caiu de 0,540 em 2002 para 0,509 em 2007. “Até o final do mandato do presidente Lula o índice de Gini deve chegar a 0,49, o menor desde 1960″, afirmou o presidente do Ipea, Marcio Pochmann.

Mercado de trabalho – Segundo o documento, o retorno do crescimento econômico ao País desde 2004 teve efeitos positivos sobre o mercado de trabalho: houve crescimento do pessoal empregado, elevação do número de carteiras assinadas e crescimento da massa salarial real.

A pesquisa leva em conta os rendimentos dos ocupados em seis regiões metropolitanas – Recife, Salvador, São Paulo, Porto Alegre, Belo Horizonte e Rio de Janeiro -, que produzem cerca de 37,1% do PIB nacional e onde vivem, segundo o último Censo Demográfico, 25,4% da população residente no País.

O Ipea dividiu os trabalhadores ocupados em dez faixas. A primeira faixa representa os 10% mais pobres e a última, os 10% com os maiores rendimentos. Ao comparar dados da Pesquisa Mensal de Empregos (PME) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) para esses dois grupos, a pesquisa mostra que os salários dos 10% mais pobres cresceu 22%, entre 2003 e 2007, passando de R$ 169,22 mensais para R$ 206,38, em média. Já o salário dos 10% mais ricos teve alta de 4,9%, subindo de R$ 4.625,74 para R$ 4.853,03, no mesmo período.

Desafios – O ambiente econômico melhorou o mercado de trabalho, mas, segundo aponta o documento do Ipea, “é imperioso que o Brasil mantenha seu atual ritmo de crescimento econômico”. Isso porque, apesar da queda no Gini dentro dos rendimentos dos ocupados, a participação da renda do trabalho no PIB está relativamente estável. Em 1995 a participação das remunerações no PIB do País era de 48,8%; em 2002 era de 39,8% e em 2005 era de 39,1%. O Ipea projeta que os rendimentos do trabalho alcancem os patamares de 2002 apenas no decorrer do ano de 2009.

Publicado no boletim Em Questão em 24/06/2008