O III Congresso já começou. Os debates que acontecem nas várias instâncias do Partido antecipam o conteúdo das resoluções que irão a voto no plenário. Antes, as teses inscritas revelaram o posicionamento das correntes internas do Partido e de agrupamentos regionais e setoriais importantes.

Há um acordo generalizado nas teses e nos debates, que concorda em que o momento em que vivemos é o do alargamento do espaço democrático conquistado até aqui. Isso pode ser identificado na expressão “revolução democrática” utilizada em várias teses e repetida por seus representantes nos debates. Todas as teses também se declaram anti-capitalistas.

Sobre o socialismo, um acordo importante é o que se contrapõe ao modelo utilizado no leste da Europa, denominado, nas teses e nos debates, como “o chamado socialismo real”. O consenso que se vai construindo, nesse ponto, é a defesa do socialismo democrático. Mas aí se encerram as concordâncias e começam as divergências.

Há um grupo de teses que, de diferentes formas, resume o socialismo petista à ampliação dos espaços democráticos. Por exemplo, a tese “Construindo um novo Brasil” limita o socialismo petista a uma “luta pela ampliação da esfera pública como reinvenção permanente e coletiva da luta pela igualdade”.

Na tese “Mensagem ao Partido” uma expressão diferente na forma, indica o mesmo conteúdo. “Confiar na força da vontade democrática das maiorias, na capacidade da democracia de vencer opressões históricas” é o que defendem os autores do documento. Há expressões semelhantes nas teses “Democracia pra valer”, “Por todos os sonhos…” e “A esperança é vermelha”.

Do que se pode entender pelo conteúdo das teses, há outro grupo que faz uma profissão de fé na “propriedade pública dos meios de produção” como os companheiros da tese “O socialismo é luta” ou na “democracia das maiorias sobre a base da propriedade social”, expressão que consta da tese “Um programa socialista para o Brasil”. Há ainda quem resuma a tarefa socialista a uma “plataforma de soberania nacional” como os defensores da tese que utiliza essa denominação.

Um terceiro grupo de teses, a saber, “PT de lutas e de massas solidário e socialista”, “Um novo rumo para o PT”, “PT militante e socialista” e “Redemocratizar o PT…” não negam a tarefa imediata e conjuntural da revolução democrática, mas defendem uma sociedade socialista como tarefa a ser desenvolvida pelos trabalhadores.

A tese “PT de lutas e de massas solidário e socialista” faz uma crítica veemente à social democracia e ao chamado “estado de bem estar social”. Essa crítica não é assumida, da mesma forma, por outras teses. O desafio do III Congresso será construir uma proposta de resolução que dê conta de contemplar preocupações tão distintas e, de certa maneira, cristalizadas.

É provável que cheguemos ao III Congresso com três posições diferentes sobre o socialismo petista. A que privilegia a tarefa conjuntural e reconhece na revolução democrática a síntese do socialismo petista; outra que reivindica, simplesmente, a profissão de fé socialista, expressa na propriedade social dos meios de produção; e a que defende a construção de uma sociedade socialista como tarefa de mulheres e homens em luta por uma sociedade sem classes, sem explorados e sem exploradores. Com a palavra os delegados e delegadas do III Congresso do Partido dos Trabalhadores.

*Angela Ramos da Silva Paula é integrante do Diretório Estadual – SP
*Artigo enviado em 29 de maio de 2007
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