Antonio Carlos de Rezende PT-DF/CNF
Segundo Stanislavski, em A Construção do personagem:
O escultor funde em bronze o seu sonho. O Ator toma seu sonho de uma personagem, realizado através do subconsciente, seu estado criador interno, através do subtexto e do superobjetivo do papel, e lhe dá vida por meio da voz, dos movimentos, do poder emocional dirigido pela inteligência.
O objetivo fundamental da arte é criar essa vida interior de um espírito humano e dar-lhe expressão em forma artística.
O objetivo não é simplesmente criar a vida de um espírito humano, mas, também, exprimi-la de forma artística e bela. Os atores têm obrigação de viver interiormente o seu papel e depois dar a sua experiência uma encarnação exterior.
O político atua num palco de um município de um estado com platéias tanto homogêneas quanto heterogêneas, e as mais distintas possíveis, de diferentes formações, idade, classes sociais, objetivos de vida, cultura e valores; até classes altamente focadas e maduras na busca conjunta de um objetivo com resultados práticos e concretos.
O político interpreta um papel de agente da evolução, trazendo pros distintos palcos onde atua, aquilo q é relevante e importante na passagem daqueles q representa. O estudo da sua função representa a possibilidade de saltos qualitativos na sua trajetória, pela possibilidade de impactar, emocionar, abrir corações e mentes pra conquista do desejado.
Stanislavski diz, “Só uma arte assim pode absorver inteiramente o espectador, fazendo-o, a um só tempo, entender e experimentar intimamente os acontecimentos do palco, enriquecendo a sua vida interior e deixando impressões que não se desvanecerão com o tempo”.
Não teria o político como missão no seu papel o de enriquecer-se da fé política dos que representa e deixar impressões que não se desvaneceriam com o tempo?
Recorde-se o passado do medo, com as torturas. Deste é lembrado muito mais os efeitos da tortura e seus agentes do q o objetivo da luta pela liberdade. Do objetivo da luta pouco foi guardado, exatamente o contrário q Stanislavski afirma sobre a missão maior de uma interpretação com arte: “[…] entender e experimentar intimamente os acontecimentos, enriquecendo a sua vida interior e deixando impressões que não se desvanecerão com o tempo”.
No papel de político é exigido de forma muito mais prolongada do q de ator. O político costuma ser o próprio elenco, provoca o povo para interagir, a mesma platéia o seguirá em mais diversos momentos. Segundo Stanislavski, é preciso viver o papel a cada instante q o representa e em todas as vezes. Têm políticos q repetem os discursos, as promessas e ladainhas independentemente da realidade circundante. Não seriam esses políticos fracos intérpretes dos seus papéis?
Stanislavski comenta:
[…] esse tipo de arte é menos profundo que belo, seu efeito é mais imediato do que verdadeiramente poderoso; nela a forma interessa mais do que o conteúdo. […] Seu efeito é intenso mas não duradouro. Antes nos desperta o assombro do que a fé. […] Mas os sentimentos humanos delicados e profundos não se submetem a essa técnica. Exigem emoções naturais no próprio instante em que se nos apresentam encarnados. Exigem cooperação direta da própria natureza. […]
Desenvolver os corretos sentimentos e emoções interiores, para então melhor externalizá-los é a síntese do “Método Stanislavski”. Adaptá-lo pro papel de político é enriquecer-se de humanismo e entendimento desta missão.
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