Edison Cardoni
Em 1980, o PT foi fundado com finanças baseadas na contribuição militante, núcleos de base, múltiplas publicações e formação plural.
Foi o que permitiu o rápido crescimento do partido que acabou submergindo a militância, enquanto a integração na esfera institucional, nos círculos da direção, produziu um afastamento e finalmente um choque, não com a “ordem”, mas com os elementos de independência de classe da fundação.
Todavia esses elementos existem. E continua necessário existir um partido assentado nesses princípios.
Tanto que os oprimidos, por seu próprio movimento, buscam abrir uma saída para suas lutas quando, muitas vezes apesar da direção do PT, comparecem para votar nos candidatos do PT, e inclusive no PED.
Mas resulta vazia e encobre os verdadeiros problemas a retórica sobre “abandono dos núcleos”, “falta de formação”, “inexistência de jornais”, “juventude petista”… Porque a questão preliminar é: “para aplicar qual política”?
A militância do PT existe, está aí. Todos os problemas de organização podem encontrar solução com uma política em consonância com as bases do PT.
Por exemplo, como seria organizar para se manifestar em favor do acordo do etanol com os EUA, que alimenta o agro-negócio e atende Bush? Já, os atos Fora Bush contaram com a presença de petistas. É fácil imaginar o avanço de organização – nucleação, comunicação e inclusive arrecadação – se o partido, dirigentes, quadros e parlamentares, se empenhasse na mobilização destes Atos dando-lhes outra dimensão.
Outro exemplo: hoje está em risco o 3º Congresso por falta de finanças, porque um tribunal alterou a repartição dos recursos do Fundo Partidário. Mas desde o 1º Congresso do PT isso é questionado. Na época, os atuais “hiper-éticos” não viram nenhum problema em que o partido ficasse dependente desses recursos. Como de hábito, no que é relevante, alinharam-se ao “campo majoritário” para derrotar a emenda contra a criação do fundo, que ainda nem existia.
*Artigo enviado em 15 de março de 2007