”O comunismo não é uma utopia. Utopia é querer consertar o capitalismo, achar que ele poder ser melhorado.” – Oscar Niemeyer

“O PT não é um partido que tem militantes, mas de militantes que têm um partido” – Marco Aurélio Garcia

A história política brasileira, desde o marco do descobrimento desta terra, é um caldeirão de contradições, divergências e voluntarismo sem precedente na histórica dos países latinos das Américas. Culturalmente diferenciada durante estes 500 anos de construção de nossa nação tupiniquim, negra e branca ocidental nesta terra de riquezas naturais, culturais e diversificadas.

Lamentavelmente, a elite brasileira pouco tem aprendido, com estas características, a conviver com as diferenças, pelo contrário acirraram os ânimos para uma disputa desigual e inconseqüente para quem realmente quer se dizer uma Nação. A autodeterminação que um povo almeja não pode ignorar seu fato histórico, sua realidade, sua construção, devendo portanto estabelecer uma verdade que consolide uma identidade de Nação que considere e respeite, principalmente, estas diferenças.

O período colonialista jorra em nossas veias como se estivéssemos ainda no II Império. Tivemos vários momentos de vontade de libertação, sendo que as manifestações populares legítimas são registradas como tais, somente dos anos 60 para cá e pouco se consolidou, por influência da índole ocidental européia predominante sobre aqueles que figuraram como seus líderes. Não há o que dizer de presença de esquerda, centro ou direita mas sim da forte dominação de submissão colonialista que até hoje prepondera.

A compreensão deste processo é primordial para a elaboração da proposição de uma política adequada para o desenvolvimento nacional e das relações com um mundo globalizado e neoliberal, devendo explicitar a vocação e a vontade da maioria do povo brasileiro por uma perspectiva socialista democrática e popular. Este desafio, que requer juntar forças divergentes e diferentes, é lutar hodiernamente sem concessões para romper com esse secular ciclo histórico.

O PT tem esta missão e compromisso pois é o que mais se aproximou nas últimas três décadas a uma quase compreensão dessa realidade e aproximação popular.

Por isso o III Congresso deve firmar um programa, uma estratégia e um modelo de partido capaz de fazer a ruptura e lutar pelo socialismo em contrapartida àqueles que defendem os interesses do capitalismo (esta doutrina de miséria e de egoísmo), a especulação e espoliação dos bens de nosso povo e de nossos parceiros vizinhos e trans mares e finalmente quebrar esta hegemonia dos que possuem a visão de mundo das elites que é: a manutenção dos juros altos, do superávit primário e da espúria dívida pública; a transferência de recursos públicos para o setor privado, a prioridade para o mercado externo, o achatamento da remuneração direta e indireta da classe trabalhadora; e o monopólio da comunicação, da terra urbana e rural.

Enfim radicalizar a democratização do país, enfurecer os ânimos da força popular que nos apóia e ajuda a construir este Socialismo pelo qual tanto lutamos e almejamos.

*Artigo enviado em 19 de março de 2007
`