Serge Goulart
Irã, Iraque, Venezuela e a vinda de Bush ao Brasil
Bush vem ao Brasil para tentar acordar que Lula seja o pivô do isolamento e da tentativa de derrotar a revolução venezuelana.
Dizem analistas que Bush está disposto a apoiar o Brasil no Conselho de Segurança da ONU (15 anos de transição sem direito a veto, com Índia, Japão e Alemanha) em troca de que Lula se disponha a enfrentar Chávez ativamente.
Este é o sentido maior desta viagem de Bush, que além do Brasil só visita países de governos alinhados com ele. A discussão sobre Etanol e Biodiesel é só parte deste movimento político que Bush faz para tentar desmontar a situação revolucionária na América Latina. Por isso anunciou pacotes de “Ajuda” para Educação e Moradia. Ridículo!
Bush está num inferno astral depois de ter colocado no inferno metade da população do planeta. Sua aventura irquiana está num beco sem saída. Não pode ganhar a guerra e não pode sair correndo, ao mesmo tempo em que aumenta a oposição à guerra nos EUA. Na última manifestação, em 10 de fevereiro, havia 500 mil pessoas em Washington. As eleições nos EUA disseram claro: É preciso sair do Iraque. Um oficial se recusou a embarcar declarando a guerra ilegal e imoral. Os sindicatos e a AFL-CIO estão mobilizando trabalhadores. A situação interna mostra que Bush está liquidado politicamente. Grandes setores da burguesia norte-americana estão fartos da aventura irresponsável e não querem aprofundar as perdas. A burguesia gosta de vitórias e não perdoa as derrotas.
Para tentar sair da enrascada Bush e sua equipe ensandecida estão tentando criar as condições para montar outra guerra para refazer a união nacional. Desta vez é o Irã que recebe ameaças de bombardeio, já que uma invasão terrestre seria um desastre maior que o do Iraque. E o governo Lula vergonhosamente se adianta e se presta a congelar bens iranianos e boicotar aquele país. Como se não bastasse a ocupação criminosa do Haiti onde o exército brasileiro massacra sob a bandeira da ONU.
Mas, o Irã tirou as lições da situação atual: Sem armas, e enfraquecido por anos de boicote e sanções, o Iraque foi destroçado. A Coréia do Norte, entretanto, ameaça com bombas e obtém acordos comerciais e etc. O governo iraniano, então, obviamente, decidiu que é melhor ter as armas nucleares. Um ataque de Bush ao Irã convulsionaria o Oriente Médio e lançaria imensas massas nas ruas dos EUA. Os Democratas teriam que travar isto no Congresso ou afundar juntos. Bush poderia provocar uma convulsão social. E, isto, os bancos e as multinacionais não estão dispostos a suportar.
A vinda de Bush ao Brasil é uma tentativa de retomar a iniciativa política nas Américas. Seu sucesso ou seu fracasso dependem de Lula e do PT. E Lula ainda decide ir a Washington para estreitar laços e fazer “negócios”?!
O resultado será o caminho do inferno para a classe trabalhadora. Mas, o PT e Lula podem recusar este cálice tinto de sangue e unir-se às lutas dos trabalhadores em todo o mundo contra o imperialismo.
Fazer a coisa certa é romper com Bush e o imperialismo, com a Coalizão com o PMDB, PP, PTB, PL, etc., anular a Dívida Pública, estatizar as fábricas ocupadas e as multinacionais, os bancos e fazer a Reforma Agrária.
Infelizmente para os capitalistas o vento revolucionário aumenta nas Américas. E nós, petistas, devemos assumir nossas responsabilidades como socialistas.
Fora Bush! Abaixo o imperialismo!
*membro DN PT/O Trabalho (MAIORIA), Corrente do PT
*Artigo enviado em 6 de março de 2007