O PT que os petistas querem é socialista

Um partido de classe controlado pela base, só pode existir com uma verdadeira política socialista. Com esta política os núcleos de base existiriam de fato e teriam um real poder de decisão. Eles só podem sobreviver num ambiente de luta e discussão política fraterna e não num ambiente parlamentar em que só se fala de eleições e os militantes só são convocados para carregar propaganda eleitoral.

Mas, isto exige do partido independência financeira e, portanto, é preciso retomar a sustentação independente recusando viver do Fundo Partidário. O PT deve viver das contribuições dos filiados e apoiadores, assim como de campanhas financeiras de massa.

A democracia interna coerente com uma verdadeira política socialista exige uma reorganização do partido para que valham as bases, as instâncias, e não mais as “estrelas”, os mandatos incontroláveis e os executivos que governam com a política da burguesia.

1. Os projetos e a atuação parlamentar ou executivo devem ser colocados sob o controle democráticos das instâncias e da base do partido através de reuniões, plenárias, assembléias, etc., e a eles devem prestar contas regularmente.

2. Todo parlamentar ou executivo continuará, em seu mandato, a receber apenas um salário igual ao recebido em sua anterior profissão, até o limite do salário de um operário especializado, mais as despesas necessárias para o exercício da função. Todo o restante dos valores recebidos, no parlamento ou no executivo, pertence ao partido e a ele deve ser entregue. Isto vale para todos os assessores nomeados, que devem ser definidos em discussão com a direção a e a base partidária.

3. Todas as decisões partidárias, especialmente a eleição das direções, candidaturas, etc., deve ser realizadas diretamente nos Encontros após os debates políticos encerrando esta etapa lamentável chamada PED, onde o debate político e os verdadeiros militantes petistas têm pouca ou quase nenhuma importância. Não há partido socialista de verdade sem a participação ativa e decisiva dos militantes desde a base.

O PT vive uma grave crise pelo abandono de nossos objetivos socialistas. É preciso fazer valer o Manifesto de Fundação do PT:

“O Partido dos Trabalhadores nasce da vontade de independência política dos trabalhadores, já cansados de servir de massa de manobra para os políticos e os partidos comprometidos com a manutenção da atual ordem econômica, social e política.

…As riquezas naturais, que até hoje só tem servido aos interesses do grande capital nacional e internacional, deverão ser postas a serviço do bem-estar da coletividade.

Por isso o PT pretende chegar ao governo e à direção do Estado para realizar uma política democrática, do ponto de vista dos trabalhadores, tanto no plano econômico quanto no plano social. O PT buscará conquistar a liberdade para que o povo possa construir uma sociedade igualitária, onde não hajam explorados e nem exploradores. O PT manifesta sua solidariedade à luta de todas as massas oprimidas do mundo”. (Manifesto de Fundação do PT, 10/02/1980).

Isto nada tem a ver com um dito Governo de Coalizão. Nossa perspectiva só pode ser um governo do PT sem ministros capitalistas apoiado nas organizações populares.

Este é o partido que os petistas fiéis à sua classe, e ao socialismo, querem. E a classe trabalhadora necessita. É por ele que lutamos.

*Serge Goulart é membro do DN PT/O Trabalho (MAIORIA), Corrente do PT
*Artigo enviado em 6 de fevereiro de 2007

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