Avaliação das eleições no Estado de São Paulo
1 – A INFLUÊNCIA DO QUADRO NACIONAL EM SÃO PAULO
O Brasil não foi homogêneo nestas eleições. O contexto político-eleitoral do Norte/Nordeste foi um, largamente favorável a Lula. Outro, foi parte do Sudeste, pró-Lula mais comedido. Diferentes foram São Paulo, os estados do Sul, os estados do Centro-Oeste, onde a oposição venceu no primeiro turno.
1 – A INFLUÊNCIA DO QUADRO NACIONAL EM SÃO PAULO
O Brasil não foi homogêneo nestas eleições. O contexto político-eleitoral do Norte/Nordeste foi um, largamente favorável a Lula. Outro, foi parte do Sudeste, pró-Lula mais comedido. Diferentes foram São Paulo, os estados do Sul, os estados do Centro-Oeste, onde a oposição venceu no primeiro turno.
No primeiro turno, Lula teve 36,8% dos votos válidos de São Paulo. Semelhante ao Paraná (37,9%), a Santa Catarina (33,2%), ao Rio Grande do Sul (33,1%), ao Mato Grosso do Sul (36%), ao Mato Grosso (38,7%), ao Distrito Federal (37%).
São estados que têm, em regra, uma classe média mais numerosa e/ou uma forte atividade agrícola. Setores importantes da classe média (que perderam em emprego e em renda durante o governo Lula), e alguns setores da agricultura (que perderam renda com super-safras, queda dos preços no mercado internacional, com o dólar baixo) não se consideraram beneficiados pelo atual governo, estando assim mais permeáveis à enorme campanha anti-Lula da mídia.
2- O ESTADO DE SÃO PAULO TAMBÉM NÃO FOI HOMOGÊNEO
Como ocorreu com o Brasil, o estado de São Paulo também não foi homogêneo.
Amplos setores da classe média, outros ligados a atividades agrícolas, e parte das classes populares influenciadas pelo sentimento crítico do Sul, garantiram a vitória de Alckmin.
A hegemonia conservadora que o PSDB/PFL consolidaram no estado pesou muito para o resultado. Ela tem como fundamentos: fortes raízes no Interior e na Capital; o controle da máquina pública do governo do estado, da Capital e de centenas de municípios; ter atraído o eleitorado malufista; ter o apoio e a blindagem nos meios de comunicação. A clara opção conservadora majoritária no estado pode ser averiguada também pelos deputados federais mais votados: Maluf, Russomano, Clodovil, Enéias.
Pesou também no resultado o fato de Alckmin ter exercido o governo estadual durante 6 anos, com bons índices de aprovação e com imagem preservada.
No estado de São Paulo, no primeiro turno, Lula teve 36,8% dos votos contra 54,2% de Alckmin. Lula perdeu na Capital (35,7% dos votos), perdeu em grandes cidades como Guarulhos (41,29%), Campinas (42,22%), Santo André (42,21%). Ficou entre 30 a 36% dos votos em Santos, São José dos Campos, Jacareí, Sorocaba, Bauru, Araraquara, Barretos, Presidente Prudente, Registro. Ficou abaixo de 30% em Ribeirão Preto, Franca, São José do Rio Preto, Rio Claro, São Carlos, Lins, Araçatuba, Botucatu, Marília, Caraguatatuba, Campos do Jordão.
A periferia mais pobre das grandes cidades e parte menor das classes médias, garantiu os resultados significativos para Lula e para os candidatos do PT. Convivemos com esta contradição em São Paulo, gerada pelas nossas próprias opções políticas para o país.
Houve belas exceções no primeiro turno, onde Lula foi o mais votado. Assim foi em São Bernardo, Diadema, Mauá, Osasco; em Hortolândia, Sumaré; em São Vicente, em Cubatão, no Guarujá. Houve também outras exceções bonitas espalhadas pelo Interior.
O PT conseguiu se transformar na principal referência de oposição ao PSDB. Mas, não conseguiu ainda fazer uma oposição que se contraponha de maneira suficiente a esta hegemonia.
3- SÃO PAULO SEGUIU A TENDÊNCIA DOS ESTADOS DO SUL
A votação de Mercadante, com 31,6% dos votos válidos, não esteve muito distante da votação de Lula no estado (36,8%), sendo percentualmente maior do que a de Olívio Dutra, que foi ao segundo turno no Rio Grande do Sul com 27,39% dos votos válidos (lá, para o PT chegar ao segundo turno, contou com a candidatura forte do atual governador que ficou em terceiro lugar, bem próximo de Dutra). O resultado para governador no primeiro turno em São Paulo repetiu a votação de 2002, acima dos 30%. Diferente disso, em vários estados do Brasil, a distância entre a votação de Lula e do PT foi muito grande. Enquanto Lula teve votação alta, muitos de nossos candidatos a governador tiveram votação muito baixa.
Não se pode dizer categoricamente que sem o caso da tentativa de compra do dossiê contra Serra estaria garantido o segundo turno em São Paulo. Mas teríamos muita chance de chegar lá. Análises de pesquisas à época o demonstram.
Embora Mercadante tenha polarizado com Serra, passamos a depender do desempenho de outros candidatos. Faltou um terceiro candidato que, com boa votação, colaborasse para ter segundo turno (como aconteceu em 2002, quando a candidatura de Maluf ajudou Genoíno a ir para o segundo turno). Agora, terceiro colocado, Quércia teve 4,5% dos votos, e a soma de seus votos com mais uma dezena de candidatos menores chegou apenas 10% dos votos.
4- O CASO DO DOSSIÊ INTERROMPEU UMA DISPUTA PROMISSORA
A tentativa de compra do dossiê teve enorme repercussão negativa para os candidatos do PT. Este erro deu munição pesada aos adversários de Lula, de Mercadante e do PT durante os últimos 15 dias de campanha do primeiro turno. O desgaste da crise do mensalão foi revivido. Reforçou-se e ampliou-se o voto anti-PT. A indignação, o rancor e o desânimo se abateram sobre os apoiadores dos candidatos petistas.
O caso do dossiê (agravado, na circunstância, pela decisão de Lula não comparecer ao último debate na TV Globo) colaborou decisivamente para que Lula não levasse no primeiro turno, e para que fosse menor a votação de nossos candidatos a governador, deputado e senador.
A diminuição do número de deputados federais e estaduais no Brasil (caímos de 90 para 83 deputados federais, perdemos mais de 20 cadeiras de deputados estaduais) e em São Paulo (perdemos duas vagas federais e três estaduais), expressa também o reflexo na população dos problemas do PT e do governo Lula nos anos 2005/2006. Seria errado atribuir o problema só àquele episódio das vésperas da eleição.
5- QUEM É RESPONSÁVEL PELOS RESULTADOS NO ESTADO DE SÃO PAULO
Uma questão importante a colocar é se, em São Paulo, a principal razão dos resultados de Lula e Mercadante, foi o desempenho do governo Lula no estado ou o desempenho do PT paulista e de seu candidato.
Presumo que foram os dois, com mais peso para os reflexos do governo Lula aqui.
Vejamos o que as pesquisas mostravam no estado de São Paulo. No final de agosto, em pesquisa Ibope, a rejeição a Lula estava em 34% e sua intenção de voto estava em 36%, ao passo que Alckmin tinha rejeição de 17% e intenção de voto de 38%. Na mesma pesquisa, Serra tinha 46% de intenção de voto, com 17% de rejeição, e Mercadante 18% dos votos, com 19% de rejeição. O campeão da rejeição era Lula.
Na véspera de explodir o caso do dossiê, outra pesquisa Ibope, mostrava índices de rejeição similares aos vistos acima, e similares também às intenções de voto, exceto no que concerne a Mercadante, que havia crescido de 18 para 23%. A trajetória ascendente de Mercadante, que chegou a crescer 5 pontos em uma semana, se devia ao fato de os eleitores de Lula irem migrando seu voto de governador para Mercadante. Mesmo depois do caso dossiê, ele continuou se aproximando de Lula.
Ao contrário, a dupla Alckmin/Serra desde o início da campanha apresentava mais identificação de voto do que a dupla Lula/Mercadante.
Os índices de Serra nas pesquisas sempre foram superiores aos de Alckmin. Todos sabem como a mídia secundarizou a campanha de governador, se comparada à campanha de presidente (nisso a mídia se identificou com a opinião pública). Isto trazia uma dificuldade suplementar a Mercadante e uma vantagem a Serra.
Serra tinha muita força eleitoral. Havia sido eleito senador, foi ministro da saúde, disputou a presidência com Lula num primeiro e segundo turnos, e elegeu-se prefeito da Capital em 2004.
No início de agosto, enquanto Serra tinha 48% das intenções totais de voto, Alckmin tinha 43%. Em meados de setembro, Serra tinha 47% e Alckmin 40%. Serra terminou o primeiro turno com 57,9% dos votos válidos e Alckmin com 54,2%.
6- E SE O CANDIDATO A GOVERNADOR FOSSE OUTRO?
Sempre vem a pergunta: e se o nosso candidato a governador fosse outro? Ela é igual àquela: e se o candidato a presidente do PSDB fosse outro? Parece que pouco mudaria. Cada um tem suas vantagens e desvantagens. No estado, a distância entre Mercadante e Lula foi pequena. E o próprio senador Suplicy, amplo favorito, teve dificuldades.
7- A QUESTÃO ÉTICA FOI A APARÊNCIA DA DISPUTA
As mais importantes divergências do PSDB/PFL e empresários das empresas de mídia com governo Lula, estavam na prioridade dada mais aos pobres, e na falta de identidade e de confiança deles com Lula e com o PT.
A questão ética era, sobretudo, um forte argumento eleitoral para derrotar a esquerda, com munição dada por ela mesma.
Um dos componentes da batalha eleitoral é a disputa de agenda. A agenda da ética foi colocada para nos derrotar. A mídia não colaborava com o espaço que mereciam temas que procurávamos pautar.
Mesmo assim, no Brasil houve uma consciência coletiva na maioria do povo de que não era vantagem trocar o bom governo de Lula e do PT. Para esta maioria popular, Alckmin e o PSDB/ PFL não constituíam uma boa alternativa de governo, e não garantiam comportamento ético diferente.
Havia uma convicção generalizada de que o PT e o governo erraram no comportamento ético. Porém o povo deu a Lula e ao PT, por sua boa performance econômica e social, uma chance de se redimir de seus desvios éticos.
No estado de São Paulo, porém, e nos estados do Sul, uma maioria descontente com o desempenho do governo Lula assumiu a questão ética como chave e a colocou como razão explícita do voto contra, que já pretendia dar por motivos mais materiais.
8- O SEGUNDO TURNO NO BRASIL E EM SÃO PAULO
O segundo turno se caracterizou no Brasil todo como uma onda pró-Lula. Na hora de decidir entre os dois projetos para o Brasil, um número crescente de eleitores se somou aos que haviam escolhido o projeto Lula já no primeiro turno. Mais uma vez surge a grande razão da vitória: a aprovação do desempenho econômico e social do governo e a aprovação da figura do presidente.
Evidentemente que devemos creditar também os méritos desta onda à boa performance do candidato na campanha, às corretas decisões estratégicas do segundo turno, ao marketing de primeira qualidade, à militância do PT e dos aliados, à propaganda capilar de milhões de pessoas pelo Brasil, que saíram em defesa do melhor para si e para o país.
No segundo turno Lula foi a todos os debates, politizamos a disputa com a polêmica sobre os dois projetos de governo, sobre as privatizações, sobre a política internacional, comparamos o governo Lula com o governo de Fernando Henrique do qual Alckmin seria o herdeiro, ampliamos as alianças, obtivemos o apoio dos eleitores de Heloísa Helena e Cristóvam Buarque.
Em todos os estados brasileiros, a votação de Lula no segundo turno cresceu de 10 a 15 pontos em relação ao primeiro turno (no estado do Rio de Janeiro cresceu 20). No estado de São Paulo, sua votação no segundo turno cresceu 11 pontos. Na Capital cresceu 10 pontos. Alckmin caiu 2 pontos no estado, embora tenha crescido meio ponto na cidade de São Paulo.
No primeiro turno Lula havia vencido apenas nas macro-regiões do ABC e de Osasco. No segundo turno ganhou nestas duas e em mais outras duas: Guarulhos e Baixada Santista. Estas quatro regiões representam 7% do total dos municípios, mas têm quase um quarto dos eleitores do estado.
No primeiro turno Lula ganhou em 83 cidades. No segundo turno ganhou em 225. Nos 59 municípios administrados pelo PT, Lula ganhou em 9 no primeiro turno e em 24 no segundo turno.
Lula terminou a eleição com 47,7% dos votos no estado. Como regra, nas cidades onde Lula tivera acima de 40%, ele venceu as eleições no segundo turno.
9- AS VIRTUDES DA CAMPANHA EM SÃO PAULO
Não foi fácil fazer a campanha em São Paulo, em face de descontentamentos com a situação objetiva da economia em vários setores do povo, em face do espaço tucano aqui ser bastante largo, e da figura forte no estado de seus candidatos a presidente e governador, blindados e apoiados pela mídia. Além de que, os bons resultados na economia e os avanços nas políticas sociais foram bem mais sentidos no Nordeste e Norte do que aqui.
Por estas razões, os resultados devem ser analisados também nas virtudes demonstradas pela campanha de presidente aqui, de governador, de senador, e dos deputados, pelo esforço militante, de petistas e de integrantes dos movimentos sociais, e pelo trabalho dos simpatizantes.
Lula dedicou-se bastante ao estado de São Paulo, que, depois de Brasília, foi onde ele mais esteve durante a campanha.
Fizemos uma boa e civilizada prévia para escolher o candidato a governador. Mercadante soube defender veementemente o governo Lula, percorreu o estado, dedicou-se intensamente à campanha, avançou na regionalização do programa de governo. Mercadante afirmou publicamente sua discordância com os métodos dos que se envolveram no caso do dossiê contra Serra.
O senador Suplicy, ao seu estilo despojado, com sua boa imagem, aplicou-se completamente à campanha e sempre reafirmou sua condição de petista. Colaborou para mostrar que a questão ética tem fortes defensores no PT.
Os nossos candidatos a deputado também se esfolaram em campanha e na defesa do governo Lula, com as tradicionais dificuldades das disputas de irmão com irmão que a legislação das eleições proporcionais sempre traz.
A militância petista, a militância dos movimentos sociais pró-Lula, e os simpatizantes de Lula e do PT em todo o estado, fizeram o seu esforço de milhões de formigas trabalhando.
Os prefeitos, por sua vez, formaram uma aliança de lideranças partidárias pró-Lula, assumindo a campanha de Lula, mesmo que em posição de minoria em sua cidade.
10- OS PROBLEMAS E DEFEITOS DA CAMPANHA EM SÃO PAULO
Em primeiro lugar, começamos enfraquecidos esta campanha de 2006, se comparada à de 2002. Não tínhamos mais a prefeitura de São Paulo, cidade com um quarto do eleitorado paulista e com enorme repercussão estadual, e tínhamos perdido várias prefeituras importantes em diversas regiões do estado. Ao final, ter prefeitura e tê-la bem avaliada, não resolve todos os problemas, mas ajuda muito.
Em segundo lugar, historicamente não foi muito eficiente nossa oposição ao governo tucano do estado de São Paulo. O PT não conseguiu sair de seu padrão tradicional neste assunto, o movimento social continua pouco ativo, e a mídia não nos ajuda enquanto ajuda muito nossos adversários. Mais uma vez a lição: é muito difícil desconstituir a imagem do adversário só no período de campanha.
Em terceiro lugar, padecemos ainda de não saber transmitir em algumas idéias-força o nosso programa de governo, de nossa mensagem não atingir a alma do povo paulista, de não conseguir levar uma esperança mais concreta para o povo do estado de São Paulo e de suas diversas regiões a respeito de quais as vantagens de ter aqui um governo do PT.
Em quarto lugar, continuou faltando um diálogo mais intenso e de resultados entre o candidato e sua coordenação com as lideranças gerais e regionais do partido, repetindo o mesmo defeito de eleições anteriores. Há algo na estrutura de nossas campanhas que joga o candidato no ativismo e não dá espaço e tempo ao trabalho paciente de ouvir a contribuição de outros que tem experiência e contribuições a dar. Faltou isso na campanha nacional também, mas, como ela foi vitoriosa, a gente não nota.
Em quinto lugar, não conseguimos mais uma vez avançar em São Paulo numa política forte de alianças. As intensas disputas locais dos petistas com possíveis aliados, e a falta de uma estratégia neste sentido, seguida de ações persistentes e pacientes, nos isola na hora da necessidade.
Em sexto lugar, a organização para a campanha estadual deixou a desejar como nas vezes anteriores (talvez isso ocorra por não se acreditar na viabilidade da eleição de governador). A participação no planejamento e no processo de execução ficou bem atrás do que seria o necessário.
Em sétimo lugar, nosso marketing não foi dos melhores. Um exemplo disso pode-se ter ao comparar os slogans da campanha nacional com os da estadual. Os slogans nacionais atingiam na veia (Lula de novo com a força do povo, Não troque o certo pelo duvidoso, Deixa o homem trabalhar) e as críticas ao adversário eram feitas de modo elegante e eficiente. Enquanto isso, o slogan estadual não entusiasmou (Um jeito sério e humano de governar) e a crítica estadual ao adversário não colou.
Em oitavo lugar, vem o velho problema da dificuldade de unificar o partido depois de escolher por prévia o seu candidato majoritário. Mesmo que o candidato derrotado se integre na campanha, como aconteceu com Marta, muita energia do partido se dispersa para longe do candidato vencedor.
Em nono lugar, persiste o problema da concentração do partido em algumas regiões do estado, o que o enfraquece no todo. Veja-se como exemplo disso a distribuição dos deputados federais eleitos, que continuou muito concentrada na Capital. Dos catorze deputados federais eleitos, dez são da Capital, três da Grande São Paulo, e apenas um do Interior (Antonio Palocci). E apenas nove macro-regiões elegeram deputados estaduais.
Em décimo lugar, vem o grave erro cometido de tentar a compra do dossiê contra Serra, de conhecidas conseqüências, cuja análise já foi feita acima, e que colocamos ao final desse item para não perturbar a análise de outros defeitos da campanha.
11- MERCADANTE, SUPLICY E MARTA: OS QUADROS MAIS VISÍVEIS DO PT PAULISTA
Após mais esta eleição, junto com Marta e Eduardo Suplicy, Mercadante forma o trio de lideranças petistas mais conhecidas do povo do estado de São Paulo.
Quando a maioria dos petistas optou pela sua candidatura a governador o julgou o melhor para enfrentar Serra. E também não quis fazer da eleição estadual um terceiro turno da Capital. Queria uma candidatura competitiva, que defendesse com maestria o governo Lula, que bem traduzisse as prioridades regionais do estado, que fizesse uma crítica objetiva e contundente aos tucanos.
A candidatura de Mercadante mostrou que ele tem muitos destes predicados, que certamente continuarão sendo reconhecidos ao se dissipar o nevoeiro do caso do dossiê. Mercadante continua um quadro importante, agora mais conhecido pelo povo paulista, de larga experiência partidária, com ampla visão nacional e estadual, com o mandato de senador que permite grande presença no estado.
Marta, por sua vez, ao ser chamada por Lula para coordenar o segundo turno em São Paulo, retomou uma presença de importância compatível com sua popularidade de ex-prefeita de São Paulo e de ex-candidata a governadora, mostrando bastante combatividade.
E Suplicy, ao vencer pela segunda vez a disputa pelo Senado, também manteve sua presença importante e sua popularidade.
Ao invés de se chocarem um contra outro, o caminho adequado é de os três ajudarem o PT a definir suas ações futuras no estado de São Paulo, ao mesmo tempo que ajudam a levar o debate sobre o resultado das eleições às suas causas e conseqüências reais, tirando assim um bom proveito para o PT paulista como um todo.
O PT de São Paulo, que desde o ano de 2000 tornou-se o partido que polariza com o PSDB no estado, precisa fazer um balanço construtivo destas eleições, que nos leve a uma maior unificação do partido. Isto é decisivo para dar sustentação ao governo Lula e fazer uma oposição competente à hegemonia conservadora no estado, repercutindo nos movimentos sociais, avançando nas ações políticas para preparar as importantes vitórias que poderemos ter nas eleições municipais de 2008.
*Elói Pietá é prefeito de Guarulhos