Os números da vitória
Lula é reeleito com 60,83% dos votos válidos e obtém recorde nacional
No último domingo, dia 29 de outubro de 2006, 58.294.252 de brasileiros escolheram o candidato do PT, Luiz Inácio Lula da Silva, para governar o país nos próximos 4 anos. Com a maior votação da história do país, Lula permanece no cargo como o 39º presidente do país e o primeiro da história do Brasil líder de um partido de esquerda e operário.
Seu adversário do PSDB, o ex-governador de São Paulo, Geraldo Alckmin recebeu 39,17% dos votos válidos. Lula venceu com uma diferença de quase 21 milhões de votos, confirmando as últimas pesquisas eleitorais, divulgadas no dia anterior à eleição.
Em 2002, Lula teve 52.793.364 votos, e venceu seu então adversário, o também tucano José Serra, com 61% dos votos válidos, contra 38,7% de Serra.
Apesar de todo esforço da mídia para exaltar as denúncias de corrupção contra seu governo e abafar qualquer fato que prejudicasse a candidatura Alckmin, Lula saiu da eleição de 2006 ainda mais forte do que da de 2002, com apoio declarado de mais da metade dos novos governadores e a aprovação popular consolidada, principalmente entre os eleitores mais pobres e dos Estados menos desenvolvidos, que foram os principais beneficiados por programas como o Bolsa Família.
Além de enfrentar diversas tentativas de desestabilização de seu governo durante 3 anos e meio de mandato, durante sua campanha, Lula teve que lidar com um comportamento totalmente anti-ético da grande imprensa, que desrespeitou os eleitores omitindo informações cruciais na divulgação do dossiê e contribuindo assim para levar a disputa ao segundo turno, conforme denunciou a revista Carta Capital, nas edições nº 415 e 416. Com as denúncias contra os petistas, relacionadas à compra do dossiê, a porcentagem de intenção de voto que Lula tinha no início da campanha – 63% em agosto/2006 – chegou a cair para 53% no final de setembro.
Mesmo assim, a votação obtida no primeiro turno foi bastante expressiva, resultando em 48,61% dos votos válidos para Lula contra 41,64% de Geraldo Alckmin. Porém, durante os debates e os programas da campanha para o segundo turno, Lula teve novas oportunidades de apresentar seu programa de governo e todas as melhorias já conquistadas na área social, na questão do emprego e educação, na habitação, na política externa etc. Enquanto isso, Alckmin, em vez de disputar o voto através de sua identidade neoliberal, insistiu em fugir do debate político de idéias e se manteve no ataque, uma postura denominada como “amorfismo” (uma forma sem conteúdo e um conteúdo sem forma) no boletim Periscópio nº 62.
Mesmo abstendo-se de questionar frontalmente a absurda e falsa identidade ética da tradição PSDB/PFL e do próprio Alckmin, a intenção de voto em Lula foi aumentando gradativamente ao longo da campanha no segundo turno, indo de 54% na primeira semana até 63% nos últimos dias que antecederam a votação, considerados os votos válidos.
A mídia também recebeu seu recado. Ficou comprovado seu descolamento da realidade pois apesar de não ter medido esforços para derrotar Lula e o PT, seja por meio de matérias, seja por meio de artigos de seus colunistas, editorialistas e convidados, o eleitorado elegeu Lula com larga vantagem de votos. Os gráficos apresentados pelo Observatório de mídia apontam para uma clara opção por artigos e matérias favoráveis ao candidato tucano e desfavoráveis ao candidato do PT. Os dados podem ser consultados em www.observatoriodemidia.org.br
Às 19h30 de domingo, dia 29, o presidente do Tribunal Superior Eleitoral, Marco Aurélio Mello, confirmou a reeleição de Lula, mas matematicamente o pleito foi definido às 19h18, quando a diferença entre os dois candidatos era de 19.835.142 votos e apenas faltavam a apuração de 16.075.000 votos.
Com a reeleição, o presidente Lula continua no cargo da Presidência da República, para um mandato que terminará em 31 de dezembro de 2010. Na opinião do presidente do PT e coordenador-geral da campanha de Lula, Marco Aurélio Garcia, “o mais importante é o impacto desse resultado expressivo na sociedade. A opção da ampla maioria do eleitorado brasileiro pelo projeto do presidente Lula foi cristalina. O segundo turno conferiu consistência e nitidez ao apoio político e social que o governo detém. A sociedade repudia qualquer tentativa de deslegitimar este resultado”, disse.