“Congresso tem pouquíssimos representantes da área e nenhuma condição de reestrturar o Ensino Médio”, afirma sindicalista

A presidenta do Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo (Apeoesp), Maria Izabel Azevedo Noronha, a Bebel, participou do programa entrevistaFPA na última quinta-feira (27/10), que teve também a presença da estudante secundarista e militante Luiza Cruz. Juntas, elas debateram os impactos da Medida Provisória (MP) 746/2016, que altera o ensino médio; da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 241/2016 sobre a educação pública; e o Projeto de Lei do Senado (PLS) 193/2016, que tenta incluir o programa Escola Sem Partido na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB).

Sobre a MP 746/2016, Bebel avalia que não se poderia esperar nada diferente  de um governo não legítimo como o de Michel Temer, que não foi eleito pelo voto popular e, portanto, não tem compromisso com a população. Para ela, reformar o Ensino Médio por medida provisória é estarrecedor. “O Congresso tem pouquíssimos representantes da educação e os deputados que lá estão não têm nenhuma condição de tratar de uma etapa como o Ensino Médio, importantíssima para o desenvolvimento do país. Ainda mais considerando que esta reforma envolve a reestruturação curricular, que é a essência da educação”, criticou. A sindicalista destacou ainda que se trata de um profundo retrocesso do ponto de vista do método, pois nega todas as conferências realizadas desde 2008 pelos educadores.

Governo golpista tenta impor profundo retrocesso à educação

A MP propõe que o conhecimento seja organizado em cinco áreas e, ao mesmo tempo, corta disciplinas como sociologia, filosofia, educação artística e educação física. O secretário de educação poderá escolher até duas áreas para o Ensino Médio. O que está por trás desta medida é a falta de professores que afeta toda a educação pública. Assim, limitam-se as áreas de conhecimento para resolver a demanda de docentes, não a qualidade da educação. Outro ponto é que onde houver falta de professores a secretaria de educação pode oferecer ensino profissionalizante. A MP na verdade acirra a dualidade já existente, pois cria uma escola para pobres e outra para ricos.

“A elite terá currículo máximo e a maioria da população currículo mínimo. Querem formatar jovens para o mercado de trabalho, mas isso não dialoga com o avanço tecnológico atual. Além disso, os jovens não vão se adaptar, são pessoas que pensam e estão ocupando escolas para mudar o projeto, pois o que temos hoje é uma escola atrasada”, afirma Bebel.
Sobre a MP 241, a sindicalista avalia que irá paralisar o país, à medida que não haverá investimento em saúde e educação, dois serviços essenciais. E a escola sem partido é totalmente inviável na prática. “Acham mesmo que o professor vai entrar em sala de aula e não tocará em nenhum assunto que não seja pré-determinado? A desobediência civil é uma arma muito importante da sociedade para lutar contra essas políticas e deve ser potencializada”, diz.

Assista a entrevista completa: