Com a crise, os atores da Economia Solidária enfrentam um cenário de incertezas e inseguranças, uma vez que as políticas de inclusão social têm sido atacadas pelo regresso do modelo neolibe­ral

Ano 4 – nº 360 – 21 de outubro de 2016

A Economia Solidária e a crise do governo golpista-neoliberal

A Economia Solidária, por meio da qual os trabalhadores desempregados buscavam gerar suas próprias condições de sobrevivência, surgiu no Brasil motivada pelo desemprego e pela exclusão social. Organizou-se em um movimento que tem lutado para incluir o tema na pauta das políticas públicas, demandando iniciativas que atendam suas necessidades e contemplem suas especificidades. A criação da Secretaria Nacional de Economia Solidária (Senaes), no Ministério do Trabalho e Emprego, em 2003, no governo Lula, tinha como objetivo atender a esta demanda.

Na atual conjuntura de crise, os atores da Economia Solidária (trabalhadores, pesquisadores etc.) enfrentam um cenário de incertezas e inseguranças, uma vez que as políticas de inclusão social têm sido fortemente atacadas pelo regresso do modelo neolibe­ral, fruto de um governo ilegítimo, empossado por meio de um golpe, e que tem claro objetivo de desarticular estas políticas e voltar o modelo que atende ao mercado, mais especificamente ao grande capital.

A saída do professor Paul Singer da Senaes e sua substituição pelo policial civil aposentado Natalino Oldakoski (uma pessoa desconhecida e sem história prévia com o movimento da Economia Solidária), feita sem nenhuma consulta ao movimento, causou descontentamento por ferir uns dos mais fortes princípios da Economia Solidária – o da autogestão. Vale lembrar que no governo do Partido dos Trabalhadores, a construção das políticas públicas para a Economia Solidária vinha sendo feita por meio de um modelo autogestionário – que preza pela construção coletiva das ações – com representação de vários atores da Economia Solidária.

A esperança que resta é de que, uma vez que a Economia Solidária começou motivada pela situação de desespero e total abandono do Estado a uma parcela da população, talvez este cenário sombrio dê força ao movimento para se rearticular e lutar pela defesa deste modelo alternativo de organização do processo de trabalho, bem como pelas políticas sociais conquistadas na Constituição de 1988 e nos governos Lula e Dilma.

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* As opiniões aqui expressas são de inteira responsabilidade de sua autora,
não representando necessariamente a visão da FPA ou de seus dirigentes.

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