Por: Paul Singer

Conheci Perseu Abramo na adolescência no colegial da escola estadual Presidente Roosevelt e a lembrança mais significativa que tenho daquele período foi quando no dia do armistício em 1945 fomos surpreendidos por todos os professores que, ao invés de tratarem de seus temas habituais, deram aula sobre Constituição. Foi a maneira que encontraram para celebrar de maneira digna o final da Segunda Guerra Mundial.

Desde aquele momento nos percebemos como simpatizantes de ideias de esquerda, especialmente durante os debates provocados pelos professores. Na saída das aulas a nossa turma se encontrava em um café para discutir questões políticas. A política bastante tempestuosa daqueles idos apaixonavam as imaginações dos adolescentes da época.

Com a volta dos partidos políticos, que foram legalmente reconhecidos, Perseu e eu nos demos conta que estávamos filiados ao Partido Socialista Brasileiro. Isso nos aproximou bastante e não tardamos em nos tornarmos bons amigos, amizade que seguiu até o fim da vida dele.

Poderia escrever um livro a respeito, mas prefiro destacar nossa convivência no período da administração de Luiza Erundina, da qual ambos fizemos parte. Perseu como Secretário de Comunicação e eu no Planejamento, quando tínhamos a convicção de que estávamos fazendo a diferença.

 

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