Mercado de trabalho brasileiro em momento de fragilidade
Boletim do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) mostra que os principais indicadores do mercado de trabalho brasileiro apontam um quadro preocupante se comparado à trajetória vivida nos anos anteriores.
Entre os jovens, a taxa de desemprego passou de 15,30%, no quarto trimestre de 2014, para 20,90%, no quarto trimestre de 2015. Já entre os mais idosos, foi de 2,10% para 2,50% nesse mesmo período. Na desagregação por educação, a evolução que sobressai é a da faixa intermediária (entre fundamental completo e médio incompleto), que cresceu entre o quarto trimestre de 2014 e o mesmo trimestre de 2015 de 8,70% para 12,20%.
Quanto à taxa de participação, seu aumento em 2015 parece ter sido puxado por moradores da região Sudeste, por jovens e por indivíduos que não são chefes do domicílio que habitam. O maior aumento nos dois últimos grupos sugere que, em um ambiente de forte restrição de renda no domicílio, indivíduos que estavam fora do mercado de trabalho resolvem entrar.
Quanto à formalização, o contraste entre os resultados dos grupos dos trabalhadores protegidos (com carteira e militares ou funcionários públicos) e do grupo dos empregados sem carteira junto com os trabalhadores por conta própria e não remunerados moldam a evolução do grau de informalidade. O gráfico abaixo mostra que o nível de informalidade médio da população ocupada em 2015 ficou em 44,80%, o que representa um crescimento de 1,60% em relação a 2014. Também, os mais educados e os mais jovens experimentaram maiores aumentos relativos na taxa de informalidade.
A média do rendimento do trabalho principal apresentou uma redução do primeiro ao quarto trimestre de 2015, passando de R$ 1.915,00 para R$ 1.863,00 (em reais de novembro/2015). A queda no rendimento médio pode ser explicada por aumento do peso relativo de trabalhadores que tendem a ter menores salários e pela diferença de salário entre os contratados e os desligados, com a diferença tendo chegado a 16,60% no último trimestre de 2015. Nota-se uma diminuição nos rendimentos dos menos escolarizados e estabilidade no rendimento dos ocupados mais escolarizados. As mulheres apresentaram crescimento de 1,20% no rendimento médio real, enquanto para os homens houve um declínio de 0,60% no mesmo período. Em relação à faixa etária, os jovens apresentaram a maior queda no rendimento real em 2015.
O cenário que se abre para o mercado de trabalho com o governo Temer é sombrio, dada a perspectiva de amplas reformas trabalhistas que reduzam direitos, em especial em um momento de fragilidade da classe trabalhadora devido à deterioração dos índices do mercado de trabalho, como mostra o boletim do Ipea.
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