Se a eleição para presidente fosse hoje, o ex-presidente Lula lideraria em qualquer cenário

Ano 1 – nº 03 – 13 de abril de 2016

Pesquisa Datafolha mostra recuo na adesão ao impeachment. Lula se reafirma como principal força política de esquerda no país

A pesquisa Datafolha, realizada em 7 e 8 de abril, divulga os resultados sobre a adesão ao impeachment. A demora na divulgação dos dados, em tempos de tão acirrada disputa política, coincidindo com o parecer favorável da relatoria da Comissão Especial da Câmara sobre o Impeachment, por si só marca posições estratégicas da imprensa, que os dados da opinião pública insistem em refutar. A pesquisa mostra que diminuiu na opinião pública o apoio ao golpe, o que foi evidenciado pela multiplicação dos protestos contra o golpismo vigente no processo de impedimento da presidenta.

O apoio ao impeachment caiu sete pontos percentuais nos últimos 20 dias, recuando de 68%, em 17 e 18/3, para 61%, em 7 e 8/4. Um terço da população (33%) é contra o pedido de afastamento da presidente Dilma Rousseff (em março era 27%).

Diminuiu também a taxa dos que são a favor da renúncia da presidenta Dilma – em abril chegavam a 65% os que defendiam essa posição, número que caiu para 60%. E 37% acham que a presidenta não deve renunciar.

A maior parcela dos brasileiros (58%) também se mostra favorável ao afastamento do vice-presidente Michel Temer, perante os pedidos de impeachment que existem contra ele, na Câmara. A solução Temer, imposta ilegal e ilegitimamente pelo golpe do impeachment, é igualmente contrária à opinião pública, que deixa em aberto as perspectivas de futuro em um cenário de afastamento da presidenta Dilma, prometendo dias pouco tranquilos aos que já anunciam e vazam a própria posse. De acordo com o anúncio do PMDB de que o partido se retiraria da base do governo, cerca de dois terços da população (60%) consideram que Michel Temer deveria então renunciar ao cargo de vice-presidente da República.

Diante da perspectiva de um novo governo liderado por Michel Temer, cresce a sensação de que será um governo ruim ou péssimo (38%, perante 35% em março), 33% avaliam que será regular, enquanto apenas 16% acham que será ótimo ou bom.  Na visão da maior parcela Michel Temer faria um governo igual (37%) ou pior (26%, avaliação que cresce 4 pontos percentuais em relação a março) que o governo da presidenta Dilma, enquanto 27% consideram que será melhor. A pesquisa aponta, portanto, que a conspiração liderada pelo vice-presidente não converteu a opinião pública ao seu favor, muito pelo contrário.

A maior parte da população (79%) apoia que, caso a presidenta Dilma e o vice-presidente Michel Temer sejam cassados ou renunciem aos seus cargos, sejam convocadas novas eleições presidenciais. Esse desejo é mais claro entre os que tem preferência partidária pelo PSDB (90%), os que estão insatisfeitos com o atual governo Dilma (86%) e os que são a favor do impeachment da presidenta Dilma (88%).

A despeito dos insistentes esforços da mídia na destruição da imagem de Lula nos episódios do triplex, do sítio, da condução coercitiva e da divulgação dos grampos, este permanece como o presidente melhor avaliado, por 40% da população brasileira, recuperando os patamares de novembro do ano passado, 5 pontos percentuais acima do obtido na pesquisa do Datafolha de março. Fernando Henrique Cardoso aparece em segundo lugar, com 14%, e Getúlio Vargas em terceiro, com 7%.

A pesquisa do Datafolha também mostra que alguns nomes estão sendo cogitados como candidatos a presidente em 2018 ou novas eleições. Se a eleição para presidente fosse hoje, o ex-presidente Lula lideraria em qualquer cenário (entre 21% e 22%, a depender do cenário), empatado tecnicamente com Marina Silva, que leva vantagem em cenário contra Alckmin (23%, contra 22% de Lula e 9% de Alckmin), mas cuja intenção de voto retrai quando disputada contra Aécio, pelo PSDB (21% Lula, 19% Aécio e 17% Marina).

Desvinculando-se os partidos, em disputa nominal entre todos os nomes cotados, Lula mantém a liderança com 21% das intenções de voto, seguido por Marina Silva, 16%, Aécio Neves, 12%, Sérgio Moro 8% e Jair Bolsonaro, 6%. O cenário que considera Alckmin como candidato pelo PSDB é aquele no qual Bolsonaro apresenta melhor resultado, encostando no candidato tucano, na 3ª posição, com 8% e 9%, respectivamente.

Ao que tudo indica, a miríade de nomes que surge na disputa por eventuais novas eleições enfraquece, sobretudo, a candidatura tucana. Marina Silva parece ter um espaço já consolidado, remanescente das últimas eleições. Se as eleições fossem hoje, a votação em branco ou nulo superaria a dos principais candidatos e partidos (13%). Se, por um lado, as forças de oposição se somam, entre novas e já conhecidas candidaturas, não há quem dispute o campo da esquerda, no qual Lula continua como a única força política capaz de unificar a nação em torno de temas da esquerda.

* As opiniões aqui expressas são de inteira responsabilidade de sua autora,
não representando necessariamente a visão da FPA ou de seus dirigentes.

 

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