Dieese analisou os resultados das negociações dos reajustes salariais realizadas em 2015. O aumento real médio foi de 0,23%

Ano 4 – nº 296 – 08 de abril de 2016

Dieese: balanço dos reajustes salariais de 2015 mostra pior quadro desde 2008

O Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) analisou os resultados das negociações dos reajustes salariais realizadas em 2015: cerca de 52% dos reajustes salariais apresentaram ganhos, ficando acima da inflação medida pelo INPC, 30% foram em valor equivalente à variação do índice e 18% ficaram abaixo. O aumento real médio em 2015 foi de 0,23%.

Em 2015 aumentou a proporção de reajustes em valor igual e abaixo da variação do INPC. Desde 2004 não se observava um resultado tão desfavorável para os trabalhadores, no entanto os resultados de 2015 são notoriamente melhores do que os observados antes de 2004.

As negociações no setor industrial foram as mais impactadas em 2015: apenas 45% dos reajustes no setor resultaram em ganhos reais ao salário, 36% foram em valor igual à variação do INPC e 19% ficaram abaixo. As negociações de 2015 foram nitidamente as piores desde 2008.

No comércio, as negociações coletivas tiveram um resultado um pouco melhor, com aumentos reais em 53% dos casos e perdas reais em quase 15%. Reajustes iguais ao INPC foram observados em 32% das categorias analisadas no setor. Mesmo assim, o desempenho das negociações de 2015 também foi o pior desde 2008.

Quanto ao setor de comércio e serviços, o estudo chama a atenção para o fato de que o salário de boa parte dos trabalhadores do comércio e dos serviços se aproximam do valor do salário mínimo. Assim, a lei de valorização do salário mínimo constitui uma referência importante para as negociações coletivas desses setores e sustenta a valorização dos salários de acordo com esse índice.

Em termos regionais, as negociações salariais da Região Sul foram as que tiveram um desempenho melhor em 2015. Os piores desempenhos foram observados entre as negociações de abrangência nacional e inter-regional e nas negociações do Sudeste e Centro-Oeste.

Os dados ainda mostram que as negociações realizadas entre categorias profissionais e econômicas (convenções coletivas) registraram um desempenho melhor do que aquelas realizadas entre categorias profissionais e empresas (acordos coletivos).

Ainda, segundo os dados, à medida que 2015 avançava, menos categorias profissionais logravam conquistar aumentos reais aos salários. Ocorreu também crescimento no número de categorias profissionais com reajustes pagos de forma parcelada.

O quadro apresentado pelo estudo confirma as análises que vêm sendo feitas sobre a deterioração do quadro do mercado de trabalho, com claro prejuízo para os trabalhadores.

Para ler mais:

Balanço dos reajustes 2015
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