Debate em Porto Alegre demarcou a importância da reflexão intelectual para municiar a esquerda na resistência

O livro Direita, Volver! O retorno da direita e o ciclo político brasileiro foi lançado no dia 4 de abril, em Porto Alegre, com um debate realizado na  Assembleia Legislativa do Rio Grande Sul. Participaram da mesa de abertura Joaquim Soriano, diretor da Fundação Perseu Abramo, e  Sebastião Velasco e Cruz, que é um dos organizadores do livro, além dos deputados estaduais Estela Farias (PT-RS) e Jeferson Fernandes |(PT-RS) e da vereadora de Porto Alegre Sofia Cavedon.

A publicação traz a análise de dezoito autores com o objetivo de contribuir com o debate atual e alertar sobre os perigos para a democracia e para os avanços sociais recentes em toda a região latino-americana. O debate está disponível no canal do Youtube da tevêFPA.

Durante o evento, Joaquim Soriano destacou que, para a Fundação Perseu Abramo, manter as tarefas de elaboração política, produção de conhecimento e distribuição desse conhecimento para o público petista e um amplo espectro da esquerda é fundamental. “Isso faz parte da nossa atividade de resistência e luta, por conta do amplo leque que construímos e reforçamos nos últimos anos. Quando o Sebastião (Velasco) propôs organizar esta coletânea, o acirramento da disputa política não estava nem perto do que é hoje. Agora já temos inclusive um grupo de trabalho sobre o tema”, afirmou.

Sebastião Velasco e Cruz explicou, em sua apresentação, que o livro aborda os temas mais variados que vão desde a direita no Brasil em perspectiva histórica, o golpe judicial no Paraguai, passa pela direita no Judiciário, a direita e a mídia e até mesmo um ensaio sobre pensadores de direita neoconservadores nos Estados Unidos. “Não podemos entender a luta que ocorre no Brasil se não a relacionarmos com a luta que ocorre no âmbito mundial”, afirmou.

Para ele, o livro surgiu da compreensão de uma necessidade. “No Brasil, durante muito tempo, a forma de a direita apresentar-se foi a negação. Se dizia que ninguém era de direita, eram todos de centro. Hoje, ao contrário do que ocorria, a direita não só existe mas reivindica ser reconhecida. Essa é a grande novidade.”

Segundo a deputada Estela Farias, agora, que estamos no olho do furacão, mais do que nunca nos obrigamos a pensar, racionalizar, debater, aprender e compreender o que está acontecendo para ir para a rua fazer a nossa tarefa. “Trata-se do momento mais desafiador que já vivemos. Para mim, pelo menos, em 28 anos de militância, é o mais difícil. Portanto é de grande valia estarmos aqui”.

A vereadora Sofia Cavedon vai na mesma linha ao afirmar que a reflexão dos intelectuais é fundamental para dar uma resposta a esse movimento que é mobilizado pelo ódio, pela falta de argumentos, pela mídia, pela irracionalidade. “Isso é o que há de mais emocionante na nossa imensa responsabilidade como  dirigentes. Presenciar a juventude, a intelectualidade, a cultura, a educação, as aulas abertas aprofundando este momento e se levantando com a consciência do que está em risco. Por isso eu celebro a vinda deste livro junto com todos estes movimentos”, afirmou.