Fórum do Pensamento Crítico é realizado em Fortaleza
No evento, Eduardo Suplicy e Ivana Bentes discutiram perspectivas da esquerda para construção de uma sociedade mais justa
Com o tema “É possível uma sociedade mais justa?”, o encontro O Sonho Não Acabou – Fórum do Pensamento Crítico de Fortaleza, organizado pela Fundação Perseu Abramo (FPA) e realizado no Centro Dragão do Mar de Arte e Cultura, equipamento da Secretaria da Cultura do Estado do Ceará (Secult), abordou aspectos da sociedade contemporânea, dentre os quais, o consumo e a produção cultural. A programação, que aconteceu na noite desta quinta-feira (3/9), no anfiteatro do Centro Dragão do Mar, contou com a participação do ex-senador Eduardo Suplicy, atual secretário de Direitos Humanos e Cidadania da cidade de São Paulo, e Ivana Bentes, secretária de Cidadania e Diversidade Cultural do Ministério da Cultura. O secretário da Cultura do Estado do Ceará, Guilherme Sampaio, o secretário adjunto da Secult, Fabiano dos Santos Piúba, além de vários produtores culturais, militantes políticos, estudantes e professores acompanharam a primeira edição do evento.
É possível uma sociedade mais justa?
Em uma noite de conversas descontraídas, às vezes bem humoradas, os convidados Eduardo Suplicy, secretário de Direitos Humanos e Cidadania da cidade de São Paulo, e Ivana Bentes, secretária de Cidadania e Diversidade Cultural do Ministério da Cultura, abordaram assuntos cruciais para se pensar a sociedade que queremos para o futuro: mais igualitária e mais justa.
“Se tem um lugar que pensa ainda que o sonho não acabou, eu vou correndo para lá”, assim começou sua fala a convidada Ivana Bentes, elogiando a iniciativa do evento. Segundo ela, apesar de vivermos momentos de conservadorismo, onde a mídia criminaliza a política e o Estado, algumas novidades da contemporaneidade como o poder das redes sociais em pautar as discussões políticas e a economia colaborativa existente no campo cultural são experiências resistentes para se observar e elaborar caminho para uma sociedade mais justa.
“Temos um modelo de desenvolvimento que chegou no seu limite. É preciso sair dessa bolha de pessimismo construída artificialmente”, disse se referindo à construção da informação pela mídia. “É preciso que Estado e sociedade se unam. O Estado isolado vira refém das forças conservadoras”, concluiu.
Já o ex-senador Eduardo Suplicy, muito aplaudido, conseguiu arrancar sorrisos do público por seu carisma, histórias e ensinamentos durante sua fala. Em sua primeira vez no palco do anfiteatro do Centro Dragão do Mar, ele saudou os presentes e logo mencionou o tema do evento como resposta a um questionamento interno. “O sonho acabou? Para mim, eu continuo sonhando!”, observou ao começar a contar a história de sua formação.
“Meus pais tiveram uma coisa que me marcou: o profundo respeito às pessoas. E havia um ensinamento na família: o sentimento de respeito deveria ir para além do muro de nossa casa”, contou cativando o público como uma introdução à sua fala.
O atual secretário de Direitos Humanos e Cidadania da cidade de São Paulo compartilhou com o público o momento em que, na sua adolescência, refletia sobre a justiça social. “É preciso uma sociedade mais igualitária, mas sem cessar nossa liberdade”, pontuou relembrando seu pensamento.
A noite de debate aberto ao público, transmitida ao vivo na Internet pela Fundação Perseu Abramo, renderam perguntas do público e discussões sobre as manifestações atuais no Brasil, a imprensa, a economia e a cultura do País, reforçando a participação dos presentes.
O Fórum
O Fórum do Pensamento Crítico foi criado e organizado por três edições pela Fundação Pedro Calmon, da Secretaria de Cultura do governo da Bahia. Nas duas últimas edições, em Salvador, teve a parceria da Fundação Perseu Abramo, que fez a transmissão pela tevêFPA dos debates e indicou nomes para as mesas.
Criado com o objetivo de colocar em discussão pública, de modo amplo e democrático, temas fundamentais da atualidade, buscando colaborar com o processo de transformação no plano específico das ideias.
Em sua edição de 2012, priorizou a temática “Cultura e cidade”. Em 2013, o tema escolhido foi “Cultura e transformação da sociedade”. Em 2014 o tema foi “Autoritarismo e Democracia no Brasil e na Bahia 1964-2014”.
As edições realizadas em Salvador (BA) tiveram presenças como a de Marilena Chauí, Emir Sader, Marcio Pochmann, Emiliano José e Valdir Pires, entre outros expoentes da intelectualidade brasileira.
As edições em Salvador tiveram como tradição unir palestras, mostra de filmes e documentários, exposição de fotos e lançamentos de livros, sempre com temas voltados à promoção de reflexões e discussões.
Fotos por Marcelo Vinci